O porta-voz do Livre alertou este domingo para a “cartilha do costume da extrema-direita” quanto à fidedignidade do processo eleitoral, depois de o líder do Chega ter alegado uma tentativa de “desvirtuar o resultado” das legislativas.
Em declarações aos jornalistas, após uma visita de campanha para as legislativas ao ‘News Museum’ [Museu das Notícias], no centro histórico de Sintra, Rui Tavares foi questionado sobre as declarações de André Ventura no sábado, respondendo que “é a cartilha do costume da extrema-direita”.
“Primeiro falaram dos votos como se já tivessem os votos no bolso, anunciarem resultados que não têm e tem sido assim em todas as eleições, com uma desonestidade intelectual flagrante, e depois quando percebem que não vão ter esses votos porque há uma mobilização e os portugueses não querem um país dividido, com discursos de ódio, querem um país de progresso e de cordialidade em que juntos avancemos para o futuro, colocam em causa a fidedignidade das eleições”, defendeu.
Rui Tavares avisou que este tipo de alegações já foi feito nos Estados Unidos da América, com o presidente Donald Trump, e no Brasil, com Jair Bolsonaro, afirmando que “acabou mal”.
O dirigente do Livre, que é também cabeça-de-lista por Lisboa, salientou que André Ventura colocou em causa a fidedignidade das eleições no mesmo dia em que recebeu o apoio de Viktor Órban, presidente da Hungria, que Tavares classificou como “o governante mais corrupto da União Europeia”.
“Claramente temos aqui um partido que representa uma farsa na política portuguesa (…) É uma farsa um partido destes querer-se apresentar como um partido que seja amigo da lei da ordem e combatente contra a corrupção”, atirou.
No sábado, num comício na Figueira da Foz, o presidente do Chega alegou estar em curso uma tentativa para “desvirtuar o resultado” das eleições legislativas de 10 de março, que passa por “anular os votos” do seu partido.
“Está em curso uma tentativa de desvirtuar o resultado destas eleições em Portugal, e nós temos de estar muito atentos a isso”, afirmou no seu discurso.
André Ventura disse ter relatos por parte das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo de que existem boletins de voto que “não chegaram” ou “parece que só chegam a alguns e não chegam aos outros”.
Hoje, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) adiantou que não tem registo de qualquer queixa sobre qualquer tentativa de “desvirtuar o resultado” das legislativas de dia 10.
Contactado pela agência Lusa, o porta-voz da CNE, Fernando Anastácio, escusou-se a comentar as denúncias feitas no sábado pelo presidente do Chega, André Ventura, mas esclareceu que não existe qualquer investigação ou inquérito sobre essa matéria.
“Não tenho nota de qualquer queixa entregue” e “esse assunto não foi apreciado” pela CNE, afirmou aquele responsável.
Sobre essas queixas, “ainda ninguém perguntou, a não ser os órgãos de comunicação social”, limitou-se a dizer Fernando Anastácio.