O Conselho de Redação (CR) do Jornal de Notícias considerou que a decisão da administração do Global Media Group (GMG) de suspender as prestações de serviços a partir de janeiro é uma “machadada” na viabilidade daquele jornal.

“Após o choque e surpresa com esta machadada na viabilidade do Jornal de Notícias, é necessário expor as implicações diretas e práticas de uma decisão que não tem cobertura legal, que configura uma clara ingerência na linha editorial do jornal, segundo a Lei de Imprensa, e que, na verdade, é matar o JN”, apontou o CR, em comunicado.

Aquele órgão esteve reunido de urgência, no sábado, para abordar “uma ordem da comissão executiva do Global Media Group (GMG) de suspender todas as ‘prestações de serviços’ do JN, a partir de dia 1 de janeiro”, com pouco mais de 24 horas de antecedência.

O Conselho de Redação apontou que a suspensão de todas as prestações de serviço, os chamados “recibos verdes”, significa, na prática, “calar todos os colaboradores do JN, de Norte a Sul do País, da Cultura ao Desporto”.

A avançar, esta decisão representaria, para o CR, “uma mudança na identidade do Jornal de Notícias que só poderia ocorrer com a alteração do Estatuto Editorial, que, como o nome indica, é da exclusiva responsabilidade da direção editorial, nunca de uma administração”.

Defendendo que esta decisão não tem cobertura legal, “por ser uma clara ingerência editorial”, o CR decidiu instar a Comissão Executiva a explicar ao jornal e aos seus trabalhadores “esta ordem impensável e lesiva para o JN, os leitores e o próprio país”, lembrando ainda que o CR tem competência e dever de vigilância que lhe permite avançar com participação ou queixa na Entidade Reguladora da Comunicação (ERC).

“Retirar a já escassa e precária mão de obra nas regiões é, a curtíssimo prazo, matar a produção de notícias de proximidade, aniquilar o ADN do Jornal de Notícias, que não se pode dar ao luxo de abdicar do oxigénio que representam os colaboradores e a visão que trazem das suas regiões”, destacou aquela entidade.