Susana Esteban, a criadora de vinhos de origem galega, mas há já muitos anos enraizada no Alto Alentejo, acabou de lançar o Vinyle 2022. A produção conta apenas com 1800 garrafas, feito a partir de uma vinha velha da Serra de São Mamede, com barricas usadas previamente para fazer champanhe. Susana Esteban chamou-lhe Vinyle numa homenagem a Emmanuel Lassaigne, um especialista em champanhe que tem os vinis como uma das suas grandes paixões.

A ideia de aprender mais sobre a produção de champanhe há algum tempo que não lhe saía da cabeça.
“Porque não fazê-lo com o melhor entre os melhores?”, pensou. E o melhor entre os melhores é o produtor de champanhe Emmanuel Lassaigne. O desafio foi lançado e Emmanuel aceitou.
Esta história será contada daqui a uns meses, quando Susana Esteban lançar mais uma edição do Sidecar, desta vez um espumante que se vai chamar Sidecar 2020 com Emmanuel Lassaigne.

E porquê falar do Sidecar quando Susana Esteban está a lançar o Vinyle 2022? Porque, em princípio, um vinho, não existiria sem o outro!
“Não haveria Vinyle 2022, se não houvesse Sidecar 2020. As barricas vieram da adega do Emmanuel Lassaigne, em Champanhe, para o Alentejo para vinificar o Sidecar, em 2020. A oportunidade de elaborar um branco tranquilo da Serra de São Mamede nestas incríveis barricas, tornou-se um desafio. Foi assim que surgiu o Vinyle”, explicou Susana Esteban.

Esta é uma produção bastante pequena, são apenas 1800 garrafas, feitas a partir de vinhas velhas da Serra de São Mamede, vinificadas nas duas barricas usadas de 500 litros, que Emmanuel Lassaigne
usou para fazer o seu champanhe ‘Le Cotet’.
O nome Vinyle surge numa homenagem a Lassaigne, uma vez que as barricas eram suas e pela paixão deste pela música, em particular pelos vinis. “Quase todos os vinhos dele têm nomes de música, ele
adora música. Na sua adega há sempre música e é ele que a põe, pode começar com música clássica e acabar com os ABBA, por exemplo. Já fui a festas em que ele era DJ no lançamento dos seus próprios vinhos. Muitas vezes é através da música que ele se expressa, daí ter escolhido o nome Vinyle para este vinho”, explica Susana Esteban.

O resultado é um vinho “que tem a tosta fina de champanhe. O nariz é subtil e delicado, fruto da combinação entre o aroma das vinhas da Serra com as barricas avinhadas com os vinhos base de champagne, o que lhe confere uma complexidade única que se transmite na boca”, acrescenta Susana Esteban.
Os rótulos, como é habitual, são desenhados por Rita Rivotti, a designer de eleição de Susana Esteban, que usou as duas barricas para replicar os discos de Vinil, que são o ponto de partida deste vinho, com um PVP de 33 euros.

As vinhas velhas com castas portuguesas de sequeiro, plantadas em altitude em zonas de granito e xisto, a juntar às grandes amplitudes térmicas que permitem as maturações lentas fazem deste um terroir único que tanto apaixona Susana Esteban.

Sobre Susana Esteban

Não tem ninguém na família ligado aos vinhos, mas Susana nasce na Galiza, na região das Rias Baixas, zona de Alvarinho, o que pode ter despoletado o gosto pelos vinhos. Aos 18 anos, quando ainda não sabe o que fazer da sua vida, inscreve-se em várias provas de vinhos e gosta.
Decide que quer ser enóloga, quando na verdade não sabe muito bem o que isso quer dizer. Forma-se em Engenharia Química e faz Mestrado em Viticultura e Enologia durante dois anos, em Rioja. É na viagem de final de Mestrado, em 1995, que se apaixona pelo Douro. Só conhece o Vinho do Porto, mas os vinhos do Douro são todo um mundo que lhe interessa descobrir. Estagia na Sandeman, que considera uma experiência única, uma vez que tem o privilégio de estar um mês a acompanhar o provador.
Segue-se um mês de vindimas no Douro e a certeza de que tem de fazer algo aqui era cada vez mais clara. Envia vários currículos, mas nada acontece. Regressa a Espanha e trabalha como diretora técnica numa
empresa de distribuição de produtos agroquímicos, quando vê um anúncio no jornal a pedir um diretor de produção para a Quinta do Côtto, concorre e é selecionada. É aqui que começa a grande aventura.

O Douro na altura nada tinha a ver com o Douro de hoje. Susana fica no Côtto três anos e é convidada para a Quinta do Crasto onde fica mais cinco. Muda-se para Lisboa e as consultadorias no Alentejo, começam a fazer parte dos seus dias. Aliás, ainda hoje trabalha com algumas dessas adegas. É no Alto Alentejo que começa a produzir os seus vinhos, depois de procurar as melhores vinhas. Não é por acaso que o seu topo de gama se chama PROCURA. É no Alentejo que vai continuar a fazer os seus vinhos, porque é aqui que encontra o terroir que mais a apaixona.