Alexandra Leitão, deputada do PS e ex-ministra de António Costa, defendeu este domingo que a falta de um acordo entre governo e sindicatos médicos pode ditar o fim do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “É preciso haver um acordo que comece a resolver este problema. Se não houver um acordo, penso que podemos ter, a prazo, o fim do SNS”, vaticinou no seu espaço de comentário na CNN, O Princípio da Incerteza.

A antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública reconheceu que o “contexto é muito complicado” e que se impõe no SNS a reestruturação que o executivo está a tentar implementar com a criação das Unidades Locais de Saúde (ULS) e as Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B, fazendo com que os cuidados primários sejam a porta de entrada no sistema, e não as urgências dos hospitais. Mas notou também que “sem médicos motivados para trabalhar no SNS”, ao nível das carreiras, das condições de trabalho e salariais, “não há nenhuma reestruturação que funcione”.

Para Alexandra Leitão, na origem dos problemas estão “causas estruturais” e frisou que ter o SNS “assente na realização de horas extraordinárias” é um “problema”. Sobre o facto de muitas vezes se afirmar que o problema do SNS não é falta de dinheiro, mas sim a gestão, a socialista também lembrou que as doenças mais caras e mais complicadas não são tratadas no sector privado, mas sim no público.

Governo e sindicatos continuam num braço-de-ferro, mais de 16 meses depois do início das negociações. A última reunião, que decorreu no sábado, voltou a terminar sem fumo branco.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) apresentaram uma proposta conjunta com três reinvindicações: as 35 horas de trabalho semanal; a diminuição do horário de serviço de urgência de 15 para 12 horas e aumentos salariais de 30%, ponto que está a impedir que as partes cheguem a acordo. Manuel Pizarro contrapôs com um aumento de 5,5% e, no último encontro, 8,5%, proposta recusada pelos médicos. Sindicatos e governo voltam a reunir-se na quarta-feira.