O Sindicato dos Jornalistas vai debater hoje com Marcelo Rebelo de Sousa a situação no Global Media Group e no jornal A Bola, adiantou a estrutura sindical em comunicado.
Na nota divulgada, a direção do Sindicato dos Jornalistas “lamenta o regresso ao passado” na Global Media, “com a atual administração, nomeada em setembro, a fazer o habitual (…) durante anos – ignorar ou desrespeitar as estruturas sindicais, enquanto tenta aterrorizar os trabalhadores”.
De acordo com a mesma informação, no dia 20 de novembro, “o sindicato, preocupado com a situação no GMG e inquieto com a estagnação salarial na empresa, escreveu à administração a sugerir uma reunião para que fossem retomadas as negociações iniciadas a 26 de outubro”, sendo que “dada a urgência, foi proposto o dia 29 de novembro”.
No entanto, destacou, “esse dia chegou sem qualquer resposta”, garantindo o Sindicato dos Jornalistas ter entrado “de boa-fé nesta negociação, privilegiando o diálogo quando seria mais fácil recorrer aos mecanismos legais, nomeadamente para fazer cumprir de imediato” o novo contrato coletivo de trabalho”.
Segundo o Sindicato de Jornalistas, este “regresso ao passado” não fica apenas no plano da “discussão sindical”, mas “estende-se à estratégia da empresa, que anunciou de viva voz a vários representantes o despedimento de cerca de 150 pessoas – 40 no Jornal de Notícias, 30 na TSF e 56 nos serviços partilhados do grupo – e depois negou à imprensa ter comunicado esse plano como o único possível”.
“A intenção manifestada de forma clara de proceder a um despedimento coletivo consubstancia um regresso ao antanho mais profundo, com o recurso a uma metodologia que já provou ser incapaz de resolver o problema nas empresas jornalísticas”, disse o Sindicato dos Jornalistas.
Para o sindicato, “cortar com quem faz as notícias, despedir jornalistas, não contribuiu para valorizar o trabalho” e se, prosseguiu, “a qualidade decresce, o interesse dos leitores e anunciantes também, arrastando a empresa para uma espiral negativa que certos empresários pensam que se resolve despedindo em massa”.
O Sindicato dos Jornalistas assegurou ainda que “isto acontece numa altura em que a empresa está a contratar assessores, consultores e diretores para o grupo, certamente com custos superiores ao salário mínimo de um jornalista, 903 euros, que a empresa se recusa a pagar”.
Segundo o sindicato, a Global Media “planeia despedir jornalistas e outros quadros da empresa” e alienar “duas revistas, que constituíam mais-valias para o grupo, a Evasões e a Volta ao Mundo, sem prestar qualquer informação”.
Estas são algumas das questões que o sindicato vai levar hoje “ao Presidente da República, numa audiência em Belém, a quem pretende sensibilizar para a necessidade de um maior escrutínio das pessoas e sociedades que assumem a liderança de empresas de media”.
“O despedimento coletivo do jornal A Bola, que os tribunais começaram já recusar, também estará em cima da mesa neste encontro, em que esperamos chamar a atenção para o investimento de fundos estrangeiros na comunicação social em Portugal, como o World Opportunity, no Global Media Grupa, e o Grupo Ringier, naquele jornal desportivo”, rematou.