Sérgio Conceição já não é o treinador do FC Porto. O anúncio oficial surgiu através do técnico que enviou um comunicado à imprensa a dar conta do divórcio com os azuis-e-brancos.
O técnico promete contar a verdade dos factos mais à frente. No comunicado, Conceição fala em “dever cumprido” nos sete anos em que orientou a equipa principal de futebol dos dragões e pelas quais ganhou onze títulos, três deles relativos ao campeonato nacional.
Este divórcio surge após uma semana tumultuosa em que foi aventada a possibilidade de Vítor Bruno, adjunto de Conceição nos últimos 13 anos, ser o eleito de André Villas-Boas, o que teria motivado a revolta do treinador e a saída a terreiro dos restantes adjuntos em defesa do seu chefe de equipa, bem como da sua esposa e filhos, entre eles Francisco Conceição que, se nada acontecer, pode ser orientado na próxima temporada por… Vítor Bruno.
A SAD portista só informou a CMVM quase duas horas depois do comunicado do técnico, tendo detalhado que Conceição rescindiu a renovação assinada a 25 de abril por mais quatro temporadas, expirando o vínculo que une as partes no final deste mês de junho.
O comunicado de Sérgio Conceição na íntegra:
Hoje comuniquei a rescisão do contrato assinado com Futebol Clube do Porto – Futebol SAD a 25 de Abril deste ano, nas condições sempre anunciadas. Fechou-se com sucesso um período de 7 anos e de 11 títulos, de grandes feitos desportivos na vida do nosso clube.
Os acontecimentos recentes, nomeadamente a quebra de confiança num elemento da minha equipa técnica, a ingerência na integridade e coesão da mesma sem o meu conhecimento, deixam-me desgastado e desiludido. Sempre me regi pela frontalidade e pela lealdade.
Em breve virei a público contar a verdade dos factos, incluindo os seguintes pontos:
– A renovação de 25 de Abril, na qual fiz questão de incluir a clausula que hoje permite sair do FC Porto, sem qualquer encargo para o clube. Foi esse o compromisso que assumi com o Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, mas sobretudo com os sócios do Futebol Clube do Porto;
– A renovação com a restante equipa técnica, que já foi comentada pelos mesmos e que seguiu os timings comuns destes processos;
– A demora neste processo, que esbarrou numa renitência em pôr em prática, com quem durante anos manteve o clube na hegemonia do futebol português, um discurso de integridade e transparência legitimado pelos sócios;
Foi sempre a lealdade para com este clube que me prendeu aqui. Foi também por essa mesma lealdade para com as pessoas que me acompanham aqui há mais de 30 anos e pelos sócios do Futebol Clube do Porto, que hoje tomo este passo.
Não será uma quebra de valores e traição de outros que me farão pôr em causa os meus próprios valores e a minha palavra. Tal como prometi, saio do Futebol Clube do Porto com a mesma dignidade com que entrei. Não foi por dinheiro que vim para cá, e não é com dinheiro que quero sair.
Saio sim com o sentido de dever cumprido. São 17 títulos que deixo como contributo, desde o campeonato nacional de juniores em 1991/92, até à última Taça de Portugal.
Agradeço a cada um dos nossos adeptos o apoio que sinto na pele desde os meus 16 anos, quando o meu Pai me deixou à porta do Estádio das Antas.
Agradeço também à minha equipa técnica, a todo o staff de apoio no Olival e no Dragão. A todos os jogadores que permitiram-nos festejar tantos títulos nestes 7 anos.
E sobretudo à minha família, que me ajudou a carregar o peso de ser treinador do FC Porto nos últimos 7 anos.
Para sempre, um de vós.
Sérgio Conceição