O PS trouxe ganhos salariais aos trabalhadores portugueses, que viram os seus salários aumentar 26% nos últimos oito anos[1], sendo que só entre Setembro de 2022 e Setembro de 2023 aumentaram 3%. É assim que a informação tem vindo a ser divulgada e até parece verdade.

Porém, tal como vimos na semana passada, ultimamente os trabalhadores têm vindo a perder rendimentos; só nos dois últimos anos, perderam 4,4% enquanto que o Estado ganhou 4%. Fazendo as contas desde que o PS entrou no poder, os trabalhadores portugueses viram o seu salário quase estagnado: aumentou 6% em oito anos.

Ora, como a carga fiscal por pessoa aumentou 24%, está fácil de ver que os trabalhadores viram o seu salário líquido diminuir mais de 14%[2] durante a última governação socialista.

Porque é que isto acontece em Portugal?

E será que acontece também por essa Europa fora?

Existem dois motivos para isto acontecer. O primeiro, e muito grave, é o nível crescente de impostos que o PS tem vindo a cobrar aos portugueses. Não tenhamos ilusões ao pensarmos que quem mais paga é quem mais ganha, pois, a verdade é que quem mais ganha, mais poder negocial tem para obter um bom salário. Por isso, quem sai mais prejudicado no salário, é sempre o trabalhador menos qualificado. Por outro lado, uma tributação sobre as empresas que afasta o grande capital, aliciado por parceiros comunitários onde os impostos são mais baixos, é um repelente aos investimentos mais produtivos.

E isto é extremamente impactante no segundo motivo, que é o facto de o “aumento dos salários depender da produtividade”. Não é possível aumentar salários se a mão-de-obra não conseguir aumentar o que produz por hora. Em 2015 havia oito países com produtividade abaixo de nós. A evolução da produtividade de cada um até 2022 (com excepção da Grécia), está representada no seguinte gráfico.

 

Nos oitos anos de governo do PS, a produtividade da mão de obra em Portugal desceu 0,1% relativamente à média da União Europeia. Do nono lugar a contar do fim, nós continuamos a escavar a nossa sepultura e temos hoje a quinta pior produtividade da Europa! Para além disso, dos quatro que estão pior que nós, três deles estão a alcançar-nos a passos largos, tal como fizeram os desde 2015: Bulgária, Letónia e Polónia. Aliás, assim que tivermos estatísticas para 2023, de certeza que a Polónia já nos ultrapassou. Em breve vamos ficar outra vez de mãos dadas com a Grécia, tal como acontecia antes de os países, outrora “pobres”, se terem juntado à União Europeia.

O comboio do progresso não espera por nós. À excepção da Grécia, todos os outros países da Europa estão à nossa frente ou a ultrapassar-nos. É isto que vamos escolher?

Deste momento, até ao dia 10 de março, vamos ter de escolher uma atitude. Carlos Maia e João da Ega, estavam resignados. Até que veem uma luz ao fundo:

“– Com efeito, não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para coisa alguma…”

“– Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder…

A lanterna vermelha do «Americano», ao longe, no escuro, parara. E foi em Carlos e em João da Ega uma esperança, outro esforço:

– Ainda o apanhamos!

– Ainda o apanhamos!”

Eça de Queiroz, in “Os Maias”

[1] Entre setembro de 2015 e setembro de 2023.

[2] 1,06/1,14–1 ≈ –14%.

Mário Queirós (Dirigente da Iniciativa Liberal e Professor do Ensino Superior)

Sérgio Gomes (Dirigente da Iniciativa Liberal, Mestre em Engenharia Urbana)