A redução do tempo de trabalho para a semana de quatro dias implica mudanças que aumentem a competitividade, nomeadamente o recurso à tecnologia, refere o coordenador do projeto-piloto da semana dos quatro dias, Pedro Gomes.

Das 41 empresas a experimentar a semana de quatro dias em Portugal (com 21 empresas a coordenarem o começo do teste através do projeto-piloto em Junho de 2023), registaram-se quatro desistências (com regresso à semana de cinco dias de trabalho) e apenas uma teve necessidade de contratar mais trabalhadores.

Aquelas quatro reversões, observou Pedro Gomes, professor de Economia em Birkbeck, Universidade de Londres, em declarações à Lusa, aconteceram porque as empresas em causa não conseguiram tirar grandes benefícios operacionais desta nova organização do tempo de trabalho.

Pedro Gomes salienta que a aplicação de um modelo de quatro dias de trabalho por semana implica várias mudanças que potenciem a produtividade. Só assim, é possível reduzir o tempo de trabalho em 20% e manter a competitividade – já que este modelo implica a manutenção da remuneração dos trabalhadores, por exemplo.

“A ideia não é apenas reduzir dias de trabalho, mas conciliar isto com a melhoria da organização do trabalho nos quatro dias, refere o coordenador do projeto-piloto, apontando mudanças como a redução do número de reuniões ou um maior recurso à Inteligência Artificial (IA).

A propósito do ano cumprido sobre o arranque do projeto-piloto da semana dos quatro dias, foi elaborado um relatório final da fase de teste deste modelo, com divulgação prevista para a semana de 24 a 28 de Junho.

Nesse relatório haverá dados sobre as mudanças aplicadas pelas empresas de forma a conseguirem reduzir o tempo de trabalho, bem como os modelos adoptados – porque as soluções são distintas, havendo algumas que optaram por reduzir meio-dia por semana, outras que optaram pela quinzena de nove dias ou outras que cortaram um dia inteiro na semana de trabalho.

Pedro Gomes acredita que após este projeto-piloto, será importante a forma como esta nova forma de organização do tempo de trabalho vai envolver empresas, associações empresariais e representantes dos trabalhadores.

A Lusa questionou o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre se é intenção do Governo manter este tipo de projeto (que foi lançado pelo anterior Governo), mas fonte oficial disse que “aguarda que seja apresentado o relatório final da fase de teste de modelo da semana de quatro dias, realizada com a colaboração das empresas e respectivos trabalhadores que voluntariamente optaram por testar o modelo”.

A terceira fase do projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho arrancou a 5 de junho do ano passado.