Nicolas Sarkozy entrou no debate sobre a nomeação iminente de um novo primeiro-ministro, apelando para que seja do seu campo conservador, por considerar que “a França é de direita”.

“Gostaria que a minha família política trabalhasse no sentido de nomear um primeiro-ministro de direita, em vez de ceder à opção fácil de nomear alguém de esquerda”, disse o ex-presidente francês, numa entrevista ao Le Figaro.

Para Sarkozy, “a França é de direita” e Emmanuel Macron “tem razão” ao excluir a possibilidade de nomear alguém da Nova Frente Popular, que venceu as eleições legislativas sem maioria, ao alegar que não teria apoio suficiente na Assembleia Nacional.

Sarkozy reconheceu ainda que “não existe uma solução ideal”, apelando a “todos os partidos do governo” – excluindo a União Nacional e a França Insubmissa – a colocarem “de lado os seus interesses partidários imediatos”, para que possa existir um acordo sobre “um pacto legislativo” a implementar.

“A direita deve assumir a responsabilidade de governar”, acrescentou, sugerindo que o presidente do Altos de França, Xavier Bertrand, pode ser “uma boa escolha”.

Para além disso, Sarkozy excluiu o nome de Bernard Cazeneuve, antigo primeiro-ministro socialista, que, apesar da sua “qualidade”, está demasiado ligado ao período de François Hollande e porque, atualmente, o “centro de gravidade” da política francesa deslocou-se “para a direita”.

Nicolas Sarkozy também aproveitou a ocasião para criticar o Partido Socialista francês, que considera ser “prisioneiro” da França Insubmissa, quando os dois partidos estão juntos na Nova Frente Popular, juntamente com os comunistas e os ecologistas.

Nos últimos dias, a França Insubmissa e o Partido Socialista francês têm divergido nas mensagens e nas medidas para fazer face ao veto de Macron, com alguns deputados socialistas a quererem que os seus representantes reunissem novamente com o presidente francês, contrariando a recusa dos representantes da Nova Frente Popular.

Jean-Luc Mélenchon, fundador da França Insubmissa e antigo candidato à presidência francesa, afirmou que “a gravidade do momento exige mais sangue-frio” do que o demonstrado por Sarkozy, que censurou por dizer que a Nova Frente Popular “é de extrema-esquerda e não quer governar” e por ter alertado para um possível “golpe de Estado”.

Emmanuel Macron iniciou esta semana uma nova ronda de reuniões com os representantes de vários grupos políticos, com exceção da União Nacional e da Nova Frente Popular, mas até agora não há indícios de um consenso para formalizar a nomeação de um novo primeiro-ministro.

Na quarta-feira, a reunião de Macron com os líderes Republicanos foi classificada pelos mesmos como “dececionante”, referindo que o presidente francês não mostrou “qualquer posição nova” ou “alguma visão” para o futuro. Na quinta-feira, durante uma visita oficial à Sérvia, Macron revelou que se pronunciará sobre a nomeação “no momento oportuno” e disse estar a procurar “a melhor solução para o país”.