Os vice-ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, e iraniano, Ali Bagheri Kani, apelaram esta quinta-feira em Moscovo para o fim das ações militares na Faixa de Gaza.

“Sublinhou-se a necessidade do fim das ações militares na Faixa de Gaza e em seu redor e o fornecimento urgente de ajuda humanitária à população palestiniana afetada”, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado.

Moscovo e Teerão acordaram “continuar a trabalhar em estreita cooperação no sentido da estabilização da situação no Médio Oriente”, tendo em conta “a escalada sem precedentes do conflito israelo-palestiniano na zona”.

Kani também abordou na capital russa o programa nuclear do Irão e as obrigações do país nos termos da resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, tendo em conta que os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido violaram, segundo Teerão, os seus compromissos (de não prolongar as sanções além de 18 de outubro deste ano).

A sua visita coincidiu com a chegada a Moscovo de uma delegação do braço político do Hamas, movimento islamita palestiniano próximo do Irão e que o Kremlin (Presidência russa) não considera uma organização terrorista (ao contrário do que acontece com os Estados Unidos, a União Europeia e Israel, entre outros).

A Rússia exigiu ao Hamas que liberte “imediatamente” os estrangeiros sequestrados em Israel a 07 de outubro e mantidos desde então em cativeiro na Faixa de Gaza e também discutiu com o grupo islamita “a retirada dos russos e de outros cidadãos estrangeiros do território daquele enclave palestiniano”, indicou o MNE russo.

Moscovo confirmou igualmente a sua “posição inalterada” em favor da aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a criação de “um Estado soberano palestiniano nas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental e coexistindo em paz e segurança com Israel”.

Por sua vez, na sua declaração, o Hamas salientou que, durante as conversações mantidas com Bogdanov, foram discutidas formas para pôr fim “aos crimes de Israel apoiados pelo Ocidente”.

Combatentes do Hamas atacaram a 07 de outubro o sul de Israel em várias frentes a partir da Faixa de Gaza, matando mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, ferindo cerca de 5.000 e capturando 224, mantidas em cativeiro em Gaza e 50 das quais entretanto mortas – segundo o Hamas, pelos bombardeamentos israelitas –, ao passo que quatro foram libertadas nos últimos dias: dois cidadãos norte-americanos e dois israelitas.

Tratou-se de uma ofensiva por terra, mar e ar apoiada pelo grupo xiita libanês Hezbollah e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.

Em retaliação a esse ataque, Israel tem bombardeado diariamente a Faixa de Gaza, território palestiniano desde 2007 controlado pelo Hamas, e fez, até agora, pelo menos 7.028 mortos e 18.484 feridos, segundo dados do Ministério da Saúde local.