O debate entre Rui Rocha e Rui Tavares, esta quarta-feira na CNN, foi equilibrado com cada um dos candidatos a falar para o seu eleitorado, mas a trocarem críticas sobre as propostas que apresentam para os próximos quatro anos. Tavares acusou a IL de querer dar “borlas aos ricos”. Rui Rocha tentou colar o adversário aos governos socialistas e de querer “manter tudo na mesma”.

A redução dos impostos, uma das propostas mais ousadas da IL, marcou o início do debate com Rui Rocha a apontar para um crescimento “perto dos 4%”, se for implementado o programa do partido. Tavares recusou entrar em “aventuras” e acusou os liberais de quererem favorecer os mais ricos. “Com as borlas que querem dar aos ricos não há Estado social para os outros”, disse o líder e deputado do Livre, depois de ter sido acusado de apoiar os governos socialistas.

“O PS e Rui Tavares querem manter tudo na mesma. Aquilo que teremos é mais do mesmo”, disse o presidente da IL, lembrando que o Livre viabilizou os orçamentos de António Costa. “A ambição do Livre parece ser viabilizar orçamentos do PS. A nossa ambição é outra”.

A saúde voltou a mostrar as profundas divergências entre os dois candidatos. Rui Rocha defendeu que os portugueses possam escolher entre o público e privado. “É o que se faz em muitos países da Europa com provas dadas”, realçou Rocha, garantindo que o atual sistema não funciona porque continuamos a ter “idosos à porta dos centos de saúde, ao frio e à chuva, para marcar uma consulta”.

Tavares acusou o adversário de estar ao lado dos privados. “Quero que as pessoas entrem no IPO e não saiam de lá falidas”, afirmou, acusando a IL de querer “destruir a casa” com um sistema que classificou como “uma fezada”.

Durante o debate, Rui Rocha criticou propostas do Livre como o Rendimento Básico Incondicional ou a tentativa de “impor” a semana de quatro dias. “Quer fazer imposições legais. Quer testar soluções de laboratório”, disse o presidente da IL.

Em resposta, Tavares defendeu a ideia de “ampliar” o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho com a garantia que “a produtividade aumentou” em algumas empresas que testaram este modelo.

O debate terminou com Rui Rocha a criticar o Rendimento Básico Incondicional, uma das bandeiras do Livre. “O Rui Tavares vive num laboratório sem nenhuma adesão à realidade”, disse o candidato da IL, acusando o Livre de apresentar uma proposta que “custa 60 mil milhões ao ano”, ou seja, “o orçamento da Educação, da Saúde, da Segurança Social…”.

Rui Tavares garantiu que a única proposta que consta do programa é um projeto piloto e custa 20 a 30 milhões de euros.