No panorama financeiro global em rápida evolução, a integração de fatores ambientais, sociais e de governação (ESG) nas estratégias de investimento e operacionais passou de um interesse de nicho para um imperativo fundamental do negócio. No entanto, o caminho para uma verdadeira sustentabilidade está repleto de desafios, sendo o principal deles a necessidade de normas e práticas ESG rigorosas e transparentes.

O recente discurso em torno do Pacto Ecológico Europeu e de várias iniciativas globais sublinha uma mudança crítica no sentido da sustentabilidade, mas persiste um fosso entre as ambições e a realidade. Este desfasamento não é apenas uma questão de política, mas também de execução e responsabilização. As empresas e as instituições financeiras são obrigadas a divulgar abertamente dados relacionados com o ambiente e o clima, assegurando que os investidores estão plenamente informados sobre a sustentabilidade dos seus investimentos. No entanto, a falta de uniformidade nestas divulgações e a ausência de requisitos de auditoria rigorosos diluem frequentemente o potencial impacto destas iniciativas.

O conceito de responsabilidade intergeracional, sublinhado em debates e acordos históricos como o relatório do Nosso Futuro Comum, ressoa agora mais do que nunca. Os efeitos das alterações climáticas, outrora uma ameaça distante, são agora um perigo presente, com implicações cada vez mais graves para as gerações futuras. Esta dimensão moral acrescenta uma camada de urgência aos nossos esforços ESG, enfatizando a necessidade de ação imediata e decisiva para mitigar a crise crescente.

Além disso, o clima político polarizado, especialmente em regiões como os Estados Unidos, exacerba o desafio, transformando a ESG numa questão controversa e não num objetivo unificador. Essa polarização dificulta a convergência dos padrões internacionais de ESG, fundamental para criar condições equitativas e garantir que os esforços globais sejam sinérgicos e não fragmentados.

A natureza sistémica dos riscos ESG – desde a degradação ambiental e os abusos dos direitos humanos até às falhas de governação – exige um quadro sólido para a gestão do risco que vá além do mero cumprimento. Estes riscos estão interligados com os aspectos operacionais, reputacionais e financeiros de uma empresa, exigindo uma abordagem holística da avaliação e mitigação dos riscos.

A transparência é outro pilar crucial para o avanço dos objetivos ESG. O conceito de dupla materialidade – que reconhece que os impactos empresariais no ambiente e na sociedade são tão significativos como os impactos ambientais e sociais nas empresas – deve ser plenamente adotado. No entanto, o estado atual dos relatórios ESG é frequentemente marcado por uma falta de profundidade na forma como os impactos são medidos e comunicados, e uma disparidade preocupante nas normas de auditoria em comparação com os relatórios financeiros.

O que precisamos é de uma mudança de paradigma: uma mudança para estruturas ESG que sejam não só abrangentes e globalmente padronizadas, mas também rigorosamente aplicadas e auditadas. Isto inclui o reforço da intersecção entre normas como as IFRS, GRI e ESRS para cobrir todas as bases – ambiental, social e de governação – e garantir que estas métricas são práticas, acionáveis e auditáveis.

Em conclusão, ao navegarmos nestes tempos difíceis, a importância de redefinir e aplicar rigorosamente as normas ESG não pode ser exagerada. Devemos às gerações futuras deixar um legado não só de sobrevivência, mas também de ecossistemas e sociedades florescentes. O momento de agir é agora e cabe-nos a nós – responsáveis políticos, empresas e sociedade civil – garantir que as nossas ações de hoje forjam um caminho sustentável para o futuro.