Analisar projetos e investimentos de forma mais eficiente é algo que pode ser muito vantajoso para proprietários de empresas, gestores ou, até, colaboradores que pretendam que o seu pitch se destaque. Existem vários métodos que podem ser adotados no sentido de contribuir para esta análise estratégica, sendo que a estrutura de seguida apresentada pode revelar-se bastante benéfica neste sentido.

CAPEX (“capital expenditure”) e OPEX (“operational expenditure”) são os dois conceitos que servem como base para esta estrutura, que se divide em quatro tipo de abordagens: ofensiva, defensiva, preventiva e compliance.

De referir ainda que OPEX está relacionado com o dia a dia de custos de uma empresa (salários, etc.) e CAPEX com o dinheiro que uma empresa gasta para comprar, manter ou melhorar os seus ativos, quer sejam edifícios, veículos, etc. Ou seja, CAPEX implica, normalmente, um grande custo extra (financiado por capital adicional ou um empréstimo), enquanto OPEX é financiado com dinheiro obtido através da operação diária.

1) Ofensiva

Começamos pela abordagem mais ambiciosa, a ofensiva. Esta tem a ver com investimentos que são efetuados de forma a obter mais quota de mercado – o que implica retirar clientes à concorrência – ou aumentar as vendas e os preços, através de uma melhoria do produto/serviço ou do processo de venda.

Por exemplo, se um proprietário de hotel quer cobrar mais pelos quartos, pode investir na renovação do produto, de maneira a que este seja superior ao produto dos concorrentes e possa, assim, cobrar preços mais elevados.

Um projeto ofensivo pode ser analisado calculando quando se obteria a mais em termos de receita. Se o projeto custar 1000€ e as vendas representarem 100€ a cada ano, sabe-se que o retorno (ROI) será de 10% anualmente, em termos gerais (sem considerar a inflação). Mas o objetivo não tem de ser necessariamente retorno financeiro; pode passar por ganhar posicionamento no mercado (por exemplo, se uma cadeia de fast food entrar num novo país para ganhar terreno face a um concorrente). Já na vertente de OPEX, uma estratégia ofensiva pode estar relacionada com Recursos Humanos (RH) – pode-se contratar um diretor de marketing que vai custar milhares de euros por ano, mas esperar, com esta contratação, vender o dobro e obter o retorno esperado.

No âmbito CAPEX, este tipo de despesas ofensivas podem ser pagas através de um empréstimo do banco ou de um investimento extra de dinheiro. Este é, aliás, o único tipo de investimento – dentro desta estrutura – em que fará sentido pedir um empréstimo ao banco, uma vez que é a única abordagem que fará um negócio render mais dinheiro.

2) Defensiva

Já numa abordagem defensiva, o objetivo não passa por superar a concorrência, mas sim por não perder a relevância e a posição no mercado, mantendo o que já se tem, para não ter de se baixar o preço.

Utilizando o exemplo do hotel, podemos saber que, no prazo de 10 anos, este vai começar a ficar velho, tornando-se mais difícil que os clientes queiram pagar o mesmo valor pelo produto. Nesse sentido, é possível renová-lo para conseguir manter o preço. Já na vertente de OPEX, pode ser inevitável fazer cortes em RH quando o negócio se está a tornar inviável (sendo que estes implicam sempre despesas), assim como se pode contratar alguém para a função de controlo de custos – estes serão investimentos defensivos, uma vez que não se traduzirão em aumento de vendas, mas contribuem para a manutenção e sobrevivência do negócio.

Para fazer a análise de um investimento deste tipo, utiliza-se a mesma mentalidade que na abordagem anterior, ou seja, calcula-se quanto dinheiro se iria perder, caso este investimento não fosse feito, ou dinheiro que se pouparia, caso estejamos a falar de redução de custos.

Não faz sentido financiar este tipo de custos com um empréstimo do banco, uma vez que não há o retorno necessário e não se quer adicionar ainda mais gastos. Nesse sentido, deverá ser financiado com dinheiro do próprio bolso ou, no âmbito OPEX, com dinheiro operacional.

3) Preventiva

Uma abordagem preventiva não gera valor, estando relacionada com a antecipação de investimentos necessários, evitando custos ou riscos ainda mais elevados no futuro.

Voltando ao exemplo do hotel, se a canalização estiver a ficar velha, é estratégico começar a investir na substituição da mesma, para evitar ter de resolver uma infiltração. Dentro do âmbito de OPEX, este investimento preventivo pode ser feito, por exemplo, através da contratação de um advogado interno para estar a par de todas as questões legais do dia a dia.

De preferência, este tipo de investimento deveria ser financiado pela operação existente de uma forma sustentável, através de uma reserva específica – normalmente, entre 2% a 5% do dinheiro que o negócio rende.

4) Compliance

Esta é a última das abordagens aqui apresentadas, não gerando dinheiro e sendo utilizada puramente por razões de sobrevivência, principalmente em termos legais ou de segurança.

No exemplo do hotel, se determinado estatuto legal contemplar necessariamente uma saída de emergência – e o hotel não a tiver -, é um investimento que não é opcional e que precisa de ser feito para a manutenção do negócio. Já num cenário OPEX, um investimento deste tipo poderia passar por pagar a um contabilista para garantir conformidade com a lei no que diz respeito aos impostos.

Em termos de financiamento, e apesar de não poder ser evitado, trata-se de um custo extra, que idealmente seria pago com dinheiro do próprio bolso ou da reserva operacional.

Entender estas quatro possíveis abordagens pode ser útil em diversos contextos. É uma estrutura que pode ser aplicada praticamente a tudo, funcionando, de certa forma, como uma espécie de lógica geral de negócio. E isto não é apenas útil para profissionais na área das finanças; pode também ser relevante para administradores, empreendedores, colaboradores que querem crescer dentro da empresa trazendo ideias à gestão ou até para governos, permitindo um planeamento a longo prazo.