A qualidade de vida tem vindo a ser um tema cada vez mais central, uma vez que está relacionada com o bem-estar subjetivo e com a possibilidade de as pessoas conseguirem alcançar os seus objetivos e escolherem o seu estilo de vida ideal. Neste contexto, os municípios têm um papel fundamental.

Os municípios são os locais escolhidos pelos cidadãos para viverem e fazerem a sua vida e, por isso, devem estar atentos às necessidades dos seus cidadãos, oferecer oportunidades e garantir que os munícipes têm uma boa qualidade de vida.

Avaliar a qualidade de vida nos municípios não é uma tarefa fácil, indo além das infraestruturas físicas e das condições oferecidas. Assim sendo, é importante que a avaliação compreenda não apenas a análise de indicadores tangíveis como, também, uma análise mais subjetiva como, por exemplo, a satisfação ao nível da economia, emprego, saúde e cultura, entre outros indicadores.

Uma avaliação abrangente proporciona aos municípios uma visão completa da qualidade de vida no seu território, permitindo-lhes medir e monitorizar a evolução ao longo do tempo. Este diagnóstico, ao incluir a perspetiva subjetiva dos cidadãos, oferece uma “radiografia completa” que guia a formulação e adaptação de políticas públicas direcionadas para a melhoria efetiva da qualidade de vida dos munícipes. Além disso, é também muito importante ouvir a população. O envolvimento dos cidadãos não só demonstra a preocupação real das autarquias com as necessidades da comunidade como proporciona uma compreensão mais profunda das expectativas e prioridades locais.

Contudo, é essencial reconhecer que a perceção da qualidade de vida pode diferir da realidade. Um município bem equipado em termos de infraestruturas físicas pode não refletir a satisfação dos cidadãos se a comunicação efetiva falhar ou se as infraestruturas não atenderem às reais necessidades da população. Identificar e compreender essa desarticulação entre condições oferecidas e perceções é fundamental para melhorar a situação.

A avaliação da qualidade de vida nos municípios é, assim, mais do que uma ferramenta de medição, uma estratégia fundamental para a governança eficaz. E é nesse sentido que o INTEC lançou a iniciativa Rede de Municípios para a Qualidade de Vida, que tem como missão ajudar os municípios a melhorar a qualidade de vida (QdV) dos seus munícipes.

Ao avaliar-se a qualidade de vida dos municípios será possível implementar políticas de melhoria e garantir que os municípios estão a trabalhar para elevar a qualidade de vida da sua comunidade. Tal não só fortalece a confiança dos cidadãos nas instituições locais como também contribui para a atração de investimentos, iniciativas e novos residentes, solidificando o papel vital dos municípios no progresso coletivo.

Presidente da direção do INTEC – Instituto de Tecnologia Comportamental e professora universitária