O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu esta quarta-feira, 5 de junho, a Alemanha que o uso das suas armas pela Ucrânia para atingir alvos na Rússia constitui um “passo perigoso” e irá arruinar as relações entre Berlim e Moscovo.

Respondendo a questões de jornalistas seniores de agências noticiosas internacionais, incluindo a Associated Press (AP), Putin disse que o envio de tanques alemães à Ucrânia foi um choque para muitas pessoas na Rússia, mas que o uso de armamento ocidental contra território russo teria consequências ainda mais graves.

“Agora, se utilizarem mísseis para atingir infraestruturas em território russo, isso irá arruinar totalmente as relações russo-alemãs”, disse.

A Alemanha juntou-se recentemente aos Estados Unidos na autorização fornecida à Ucrânia para atingir diversos alvos em território russo com as armas de longo alcance que fornecem a Kiev.

Ao responder a jornalistas estrangeiros pela primeira vez desde a sua quinta tomada de posse como Presidente em maio, Putin também considerou que nada irá mudar nas relações entre os Estados Unidos e a Rússia independentemente da vitória de Joe Biden ou Donald Trump nas presidenciais norte-americanas de novembro.

“Trabalharemos com qualquer Presidente eleito pelo povo americano”, disse Putin, ao pronunciar-se à margem do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo.

“Afirmo-o solenemente, não acreditamos que após a eleição algo se altere na abordagem russa face às políticas dos Estados Unidos”, acrescentou. “Consideramos que nada de sério vai acontecer”.

Putin também considerou que a recente condenação de Trump num seu recente julgamento por uso indevido de verbas é resultado da “utilização do sistema judicial como parte da luta política interna”.

Putin aproveitou a presença no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo para sublinhar o desenvolvimento da Rússia e procurar novos investimentos. Este foi o primeiro encontro com jornalistas estrangeiros neste certame desde o início da invasão militar em larga escala da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.

No ano passado, os jornalistas de países que a Rússia considera hostis — incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia — não foram convidados, e os representantes oficiais e investidores ocidentais também estiveram ausentes após a imposição de um vasto pacote de sanções a Moscovo devido ao conflito na Ucrânia.