Mais de 200 psicólogos do Serviço Nacional de Saúde pediram a intervenção da Ordem devido ao “desânimo geral” em que se encontram pela estagnação na carreira, com muitos na mesma categoria profissional há cerca de 17 anos.
Numa carta enviada ao bastonário da Ordem, a que a agência Lusa teve acesso, este grupo de psicólogos alega que a sua situação profissional “apresenta inúmeras insuficiências” por falta de abertura de concursos, com efeitos também na estagnação dos seus vencimentos.
Em causa está a carreira de técnico superior de saúde, da qual fazem parte os psicólogos clínicos que trabalham nos cuidados de saúde primários, nos hospitais públicos e nos serviços de dependências, e que está dividida em quatro categorias: assistente, assistente principal, assessor e assessor superior.
“A estagnação destes profissionais, maioritariamente na base da CTSS, na categoria de assistente, tem contribuído para um desânimo geral e um sentimento de injustiça, dada a formação especializada e o investimento dos funcionários, destacando-se que um elevado número destes psicólogos se encontra na mesma categoria há sensivelmente 17 anos”, alerta a carta.
Estes especialistas de psicologia clínica, que se consideram “absolutamente esquecidos pelos sucessivos governos e ministros da Saúde”, alegam ainda que um “grande número dos que ingressaram em estágio de especialidade há 21 anos ainda se encontram, desde 2007, na base da carreira, na categoria de assistentes”, além de que outros profissionais estão na segunda e terceira categorias “há mais de uma década e meia, sem progressão na CTSS”.
Bastonário pede “urgência” ao governo
Após a carta enviada a apelar à intervenção da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), o bastonário Francisco Miranda Rodrigues reuniu-se com os psicólogos e, posteriormente, enviou na terça-feira uma missiva à ministra da Saúde em que solicita que resolva “com urgência” várias questões.
Entre estas questões estão o início de negociações com os sindicatos para a revisão da carreira de técnicos superiores de saúde para os psicólogos, uma maior dignificação e valorização do trabalho dos psicólogos no SNS, a dinamização da carreira de modo a garantir o reconhecimento, através da progressão e desenvolvimento da mesma, e a vinculação dos psicólogos contratados pelos chamados “contratos covid”.