Longe do seu intuito inicial, o PSD reunir-se-á no próximo sábado – num simbólico dia 25 de novembro – em Almada, para o seu 41º Congresso, em 49 anos de História, a pouco mais de três meses de umas fulcrais eleições legislativas.

Honrando o seu passado, mas projetando o seu futuro, o partido dos primeiros-ministros Sá Carneiro, Mota Pinto, Francisco Pinto Balsemão, Cavaco Silva, Durão Barroso, Santana Lopes ou Passos Coelho, tem a obrigação de aproveitar este singular momento na nossa história democrática para se apresentar aos portugueses (a todos, e não apenas aos seus dirigentes ou militantes) com um projeto verdadeiramente reformador da sociedade portuguesa, como sempre esteve na sua genética, em contraste com o atavismo estrutural do partido socialista e dos seus, cada vez mais, parceiros à esquerda.

Mais do que pequena tática política (daquela que os portugueses estão fartos), mera reação pavloviana, ou uma vertigem monotemática em matéria de impostos e contas certas, o grande partido do espaço não socialista deverá apresentar-se com ideias disruptivas e ambiciosas para os comatosos setores da Saúde ou da Educação, tão necessitados que estão, mas, também, para áreas onde há muito nada sustenta de verdadeiramente diferenciador, como sejam a Justiça, a Segurança Interna ou a Defesa Nacional que caminham (se já não o estão) para a completa falência, logo, a completa falência da soberania estatal.

Outros partidos (à esquerda e à direita) agradecem e agradecerão o vazio.

E, porque as pessoas são sempre fundamentais, apresentar desde já quadros com peso político e pensamento estruturado próprios (não só falsos “técnicos”, especialistas em a tudo dizer que sim) com provas dadas fora do aparelho partidário que corporizem essa agenda reformista.

O PSD tem de ser capaz de atrair os melhores e não só os mais “amigos”.

Todavia, dada a inexplicável insistência na conclusão de um “coxo” processo de revisão estatutária, a escassos três meses de eleições legislativas, o PSD terá de aproveitar para se apresentar renovado, aberto e transparente no seu funcionamento aos eleitores.

Mais do que uma pífia e cosmética revisão estatutária cujos únicos declarados objetivos consistem em proteger o aparelho partidário da mudança ou assemelhar-se ao PS no funcionamento (seja nas quotas obrigatórias de “género” ou na consagração regulamentar da Ética), o PSD deveria, isso sim, ousar com a previsão de eleições primárias, abertas a não militantes, para a escolha do candidato a Primeiro-Ministro, refletindo mais a vontade do eleitorado que a do aparelho partidário, e, ao invés do proposto, abrir também na escolha de candidatos a deputados, sob pena da ascensão dos novos “amanhãs que cantam”, hoje travestidos de bem-aventurados.

Porque, tal como disse o atual Presidente da República (e antigo Presidente do PSD) no seu recente discurso de 5 de outubro: “Ou as instituições mudam a bem ou mudam a mal”.