O eurodeputado social-democrata José Manuel Fernandes acusa António Costa de “incompetência e desleixo” no projeto TGV e defende que o primeiro-ministro devia pedir desculpa aos portugueses.
Em declarações à Renascença, José Manuel Fernandes diz que o primeiro-ministro demissionário não conseguiu apresentar uma candidatura eficaz aos fundos europeus, ao chamado “Mecanismo Interligar a Europa”.
“António Costa, ao referir que está no limite do prazo, demonstra incompetência, desleixo, porque não foi à chamada de 2021, foi a uma chamada de candidatura em 2022, mas o projeto não estava bem feito, não tinha maturidade e, agora, 70% de 1.045 milhões de euros têm de ser sinalizados numa candidatura que acaba o prazo em 30 de janeiro.”
O eurodeputado só concorda com o primeiro-ministro num ponto: “António Costa tem razão que tem de apresentar a candidatura até 30 de janeiro, não tem razão quando diz que tem de lançar o concurso público, porque isso dá maturidade ao processo”.
Nestas declarações à Renascença, o social-democrata garante que se a candidatura não for apresentada até ao final do mês, “os cerca de 700 milhões não quer dizer que vão à vida, ficam disponíveis para todos os Estados-membros”.
José Manuel Fernandes afirma que não é obrigatório lançar um concurso público, apenas apresentar uma candidatura, e acusa o Governo de falta de transparência no projeto do comboio de alta velocidade.
“A candidatura não é de 700 milhões para todo o TGV e aqui há falta de transparência. Os portugueses deviam saber quanto custa a totalidade do TGV, onde se vai buscar o resto dos recursos, vão existir parcerias público-privadas e em que áreas? E tudo isto está escondido”, atira o eurodeputado.
António Costa pediu um consenso com o PSD sobre o TGV, mas José Manuel Fernandes responde que o primeiro-ministro demissionário está a tentar fazer “chantagem” e a querer “colocar o ónus nos outros”.
“O PS está no Governo há oito anos e agora vem à última hora procurar dizer: ai, agora tem que ser, senão perdemos 700 milhões de euros e vamos já lançar o concurso público”, afirma.
“Ter uma candidatura para segurar os 700 milhões de euros não significa que se tenha sequer de lançar o concurso. Não vincula o PSD no projeto total que ninguém conhece”, remata o eurodeputado do PSD.