Um primeiro grupo de estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade chegou quarta-feira ao Egito, vindo da Faixa de Gaza, após os bombardeamentos israelitas sobre o território palestiniano.
Segundo disse à agência AFP um responsável egípcio, que pediu o anonimato, este primeiro grupo é composto nomeadamente por crianças, mulheres e idosos.
As televisões egípcias têm difundido imagens de pessoas a descerem de autocarros no lado egípcio do posto fronteiriço de Rafah, na fronteira com Gaza, depois de anunciada uma abertura excecional para permitir a passagem de 90 feridos palestinianos e cerca de 545 estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade.
A fronteira de Rafah é a única entrada e saída do território palestiniano sitiado que não está nas mãos de Israel.
As autoridades egípcias prepararam um hospital de campanha para receber os palestinianos feridos no local, sendo que os casos graves ou que precisem de tratamento adicional e cuidados especiais serão transferidos para outros hospitais.
Uma lista com os nomes, nacionalidades e números de passaporte dos abrangidos pela abertura excecional do posto fronteiriço de Rafah foi publicada pelas autoridades palestinianas.
Segundo diplomacias estrangeiras, nessa lista estão cidadãos de 44 países, entre os quais funcionários de 28 agências e organizações estrangeiras que se encontram na Faixa de Gaza, onde 2,4 milhões de pessoas tentam escapar aos bombardeamentos intensos e sucessivos de Israel.
Cerca de 90 feridos, metade dos quais crianças, foram transportados da Faixa de Gaza em ambulâncias palestinianas e entregues a equipas de socorro egípcias.
Um correspondente da AFP no Egito observou pelo menos três ambulâncias a entrarem no recinto do hospital de Cheikh Zuaid, a uma dezena de quilómetros do posto de Rafah.
Segundo as televisões egípcias, pelo menos três feridos foram transferidos para o hospital central de Al-Arich, na província de Norte Sinai, a cerca de 40 quilómetros de Rafah.
Situada entre Israel, o Egito e o Mar Mediterrâneo, a Faixa de Gaza, com cerca de 360 quilómetros quadrados e um dos territórios com maior densidade populacional do mundo, encontra-se atualmente sem água, eletricidade ou comunicações (telefone ou internet) e praticamente sem alimentos, na sequência do cerco imposto por Israel.
Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde do governo de Gaza, chefiado pelo grupo islamita Hamas, na origem dos ataques contra Israel que causaram mais de 1.400 mortos a 7 de outubro, disse à AFP que foi entregue ao Egito uma lista com mais de quatro mil pessoas que precisam de cuidados de saúde.
“Esperamos que elas possam partir nas próximas horas, porque precisam de intervenções cirúrgicas que não podem ser feitas em Gaza. É preciso salvá-las”, apelou.
Mais de 8.500 pessoas foram mortas e milhares de outras ficaram feridas nos bombardeamentos com que Israel retaliou o ataque desencadeado pelo Hamas, considerado como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia e que controla Gaza desde 2007, quando expulsou do território o partido Fatah, que governa a Cisjordânia.
Israel tem lançado ataques aéreos contra Gaza desde 07 de outubro, quando militantes do Hamas atacaram aldeias e postos militares israelitas, matando cerca de 1.400 pessoas e fazendo 240 reféns.
As forças israelitas também intensificaram as suas operações na Cisjordânia, ocupada desde a guerra árabe-israelita de 1967.
De acordo com o Ministério da Saúde com sede em Ramallah, pelo menos 122 palestinianos foram mortos por forças israelitas ou por colonos na Cisjordânia desde 07 de outubro.