O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, cujo Partido Democrático Liberal (PDL, conservador de direita) perdeu a maioria na Câmara Baixa do Parlamento após as eleições gerais deste domingo, 27 de domingo, reconheceu ter recebido um “duro julgamento” por parte dos eleitores.
“Recebemos um duro veredicto”, disse Ishiba à emissora pública NHK, cujas projeções baseadas nas sondagens à boca das urnas indicam que mesmo a coligação do LPD com o seu aliado Komeito não deverá obter a maioria absoluta.
No final de uma campanha em que sofreu com a elevada inflação no Japão e com as consequências de um escândalo financeiro, o PDL poderá ter conquistado entre 153 e 219 lugares, segundo as primeiras projeções. Este número é muito inferior à maioria absoluta de 233 lugares, num total de 465.
Sem uma maioria absoluta com o seu parceiro de coligação, o PDL terá de procurar outros aliados ou formar um Governo minoritário precário, uma vez que a oposição continua demasiado fragmentada para propor uma alternativa.
Este resultado será praticamente inédito na história do PDL, que conseguiu manter-se no poder quase ininterruptamente desde 1955, e uma grave derrota para Shigeru Ishiba, 67 anos, que se tornou primeiro-ministro em 01 de outubro, depois de ter assumido a liderança do partido.
Ele próprio tinha convocado estas eleições antecipadas, esperando beneficiar de um estado de graça para consolidar o seu poder, prometendo aos eleitores “um novo Japão”, com um programa de reforço da segurança e da defesa, de aumento do apoio às famílias com baixos rendimentos e de revitalização do mundo rural japonês.
No entanto, o PDL está a lutar contra um escândalo político e financeiro, que já tinha contribuído para a impopularidade do anterior primeiro-ministro, Fumio Kishida, uma vez que várias dezenas de membros estão a ser punidos internamente por não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros, recolhidos através da venda de bilhetes para noites de angariação de fundos.
Em função da amplitude deste revés eleitoral, os analistas alertam para o facto de poder provocar um choque nos mercados financeiros, pouco habituados a este cenário.