Prevenir!
Este deveria ser o mote e aposta nos tempos de incerteza e ansiedade, em que a prevalência de doença mental não tem parado de subir.

Ao contrário doutros tempos em que se sussurrava “doença mental” com uma vergonha mal dissimulada, e em que se preferia calar a ser objeto de estigma, hoje é raro o dia em que os media não gritem aos quatro ventos sobre tema da saúde/doença mental.

Os  números são avassaladores: cerca de 80% dos trabalhadores tem, pelo menos, um sintoma de burnout; sendo Portugal  um dos países com mais risco de burnout, segundo a OCDE; E, de acordo a OMS, a depressão e o burnout são a segunda causa de incapacidade em todo o mundo, já no final deste ano, sendo apenas superados pelas doenças cardiovasculares; os problemas de saúde mental podem reduzir a produtividade dos trabalhadores em 12 dias por ano; enquanto os riscos emocionais e mentais são o segundo maior fator que influencia os custos médicos na Europa. E poderíamos prosseguir, com os custos astronómicos em ansiolíticos e anti-depressivos consumidos, dias de baixa por doença mental, entre muito outros indicadores preocupantes.

Visibilidade e novas atitudes
A pandemia  da Covid 19 veio mudar muita coisa. Por um lado, veio acentuar a doença mental a níveis preocupantes, fazendo com que indivíduos e empresas trouxessem o tema para cima da mesa, mas, também por isso, o tema deixou de ser tabu. Pelo contrário, a preocupação é agora generalizada e fala-se de forma muito mais aberta.

Mas será que discutir basta? Certamente que não.

É preciso fazer, e uma parte muito importante desse fazer passa pela  informação e prevenção.

É preciso aprender a lidar com a doença mental, envolver todos os stakeholders (e são muitos) – das várias instituições do Estado, aos privados – é preciso lutar para que à doença mental seja reconhecido o mesmo “estatuto” das outras doenças. Mais do que falar, é preciso atuar.

Olhando para o setor segurador, aquele que melhor conheço, podemos dizer que atuar é o que têm vindo a fazer alguns dos seus players. Se, por um lado, algumas seguradoras do Ramo Saúde passaram a incluir nos seus contratos a cobertura de consultas de psicologia e psiquiatria, assim como internamentos psiquiátricos (situações anteriormente não garantidas), um fator muito importante no reconhecimento de que estas doenças são como as outras, também várias empresas do setor têm vindo a desenvolver políticas de promoção da saúde mental, através de ações concretas de in/formação, ou aderindo a organizações que visam, precisamente, disseminar o conhecimento sobre a Doença Mental e  divulgar boas práticas sobre o tema, prevenindo ao invés de apenas tratar situações já existentes.

A causa da Saúde Mental
Na MDS, há já vários anos (muito antes da pandemia) que assumimos a doença mental como a nossa causa de Responsabilidade Social. Desde então, sob a liderança da área de Recursos Humanos, foi estabelecido um conjunto de princípios, como o de não haver qualquer problema em assumir-se que se tem uma doença mental, o de promover nos líderes/responsáveis da empresa a capacidade de reconhecer os primeiros sintomas nos seus colaboradores, com vista à procura de ajuda; e, entre outros, o de promover a responsabilização individual.

Também no âmbito desta sua atitude proativa na promoção da Saúde Mental, a MDS é um dos membros fundadores da ASM – Aliança Portuguesa para a Promoção da Saúde Mental no Local de Trabalho, fundada há cerca de um ano.

A sua missão é, precisamente, a de contribuir para ultrapassar o silêncio e o estigma em torno da doença mental, e  fomentar a adoção de modelos de trabalho promotores da saúde mental. A ASM funciona como um elemento aglutinador, que agrega todos os stakeholders com impacto na saúde mental, desde empresas a institutos públicos com responsabilidades nas áreas da saúde e do trabalho, em torno da discussão para a transformação dos ambientes de trabalho, unindo esforços e promovendo sinergias que contribuam para a criação de compromissos e ações de desenvolvimento de ambientes promotores da saúde mental.

O objetivo desta aliança, da qual a MDS é parte ativa, é integrar de forma responsável e consistente o tema da saúde/doença mental nas organizações, trabalhando em colaboração com especialistas em saúde mental, a academia, organismos públicos e privados, para fazer a diferença nesta matéria, respondendo a um problema crescente que não tem merecido a atenção necessária e que acarreta custos muito significativos para as pessoas, para as organizações e para a sociedade em geral.

MDS Group | CEO Senior Advisor