Isaac Herzog adiou uma visita a Portugal que estava prevista para o início de novembro, revelou hoje Marcelo Rebelo de Sousa. De acordo com uma nota divulgada no site oficial da Presidência da República, Marcelo “falou esta manhã ao telefone com o seu congénere israelita, Isaac Herzog, a pedido deste”.

“O presidente de Israel queria explicar o adiamento da visita a Portugal (que estava prevista para início de novembro), bem como informar o Presidente português da posição do seu país sobre a situação atual”, refere a nota.

De acordo com o mesmo texto, o presidente de Israel “agradeceu a condenação imediata dos ataques terroristas por Portugal”.

“Marcelo Rebelo de Sousa falou da posição portuguesa, no quadro dos valores e princípios internacionais e constitucionais. Foi naturalmente considerada a relevância das vidas humanas envolvidas”, acrescenta o texto.

Na semana passada, durante uma visita à Bélgica, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Portugal “tem sido claro na condenação que houve do ataque terrorista do Hamas” de 7 de outubro em território israelita, defendendo o “direito legítimo de resposta de Israel em relação ao Hamas”, mas separando-o

do “povo palestiniano como um todo” e condenando “condutas e comportamentos que ao atingir vítimas civis inocentes são obviamente deploráveis”.

“Foi claro, como foi a União Europeia, quando disse que há resoluções das Nações Unidas quanto a dois Estados [de Israel e da Palestina]. Elas estão de pé”, acrescentou então Marcelo Rebelo de Sousa.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.

Em janeiro de 2020, Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se a Israel para participar no 5.º Fórum Mundial do Holocausto, em Jerusalém, e chegou a planear uma troca de visitas de Estado com o seu homólogo israelita, na altura Reuven Rivlin, que foi substituído no cargo por Isaac Herzog em julho de 2021.

Nessa ocasião, o chefe de Estado português manifestou vontade de regressar a Israel para a inauguração da praça Aristides de Sousa Mendes e anunciou ter convidado o seu homólogo Israelita “a visitar Portugal, se possível até ao fim do ano” de 2020, o que não se concretizou.