Os portugueses que residem em Drancy – terra natal do líder da União Nacional, Jordan Bardella – prometem torcer pela Seleção Nacional, no jogo dos quartos de final do Euro’2024 contra a França, que se disputa esta sexta-feira.

Cerca de três dezenas de portugueses assistiram esta segunda-feira ao jogo da Seleção Nacional na Associação Portuguesa de Futebol de Drancy, nos subúrbios a nordeste de Paris, vivendo os 120 minutos de jogo com muita emoção, nervosismo e até algumas lágrimas.

“Foi um jogo muito difícil, mas no final correu tudo bem. Agora vai ser muito complicado [contra a França], mas temos fé e vamos ganhar”, disse à Lusa Steven, de 39 anos, nascido em Drancy, mas “português no coração”.

Derrotada a Eslovénia, cabe agora à Seleção Nacional vencer a França na próxima sexta-feira para ambicionar voltar a erguer o troféu que ganhou em 2016, precisamente contra os gauleses, no Stade de France, em Paris, muito perto de Drancy.

Carlos, de 48 anos, lembrou que, nesse 10 de julho de 2016, estava no estádio a torcer por Portugal e, no final, cantou a música A Minha Casinha, dos Xutos e Pontapés. Oito anos depois, mantém a mesma promessa: “Vou torcer por Portugal”.

“Gosto do meu país, vou sempre lá passar férias. Eu sempre torci por Portugal e tenho a ideia que a juventude agora ainda torce mais, pelo menos os meus filhos”, referiu Carlos, que vive em França há 42 anos, onde chegou com os pais, de Ponte de Lima, quando tinha seis anos.

Neste subúrbio de Paris – onde cresceu o líder da União Nacional, Jordan Bardella, vencedor da primeira volta das legislativas de domingo, com 33% dos votos –, todos os portugueses entrevistados pela Lusa admitiram estar bem integrados em França, mas não esqueceram as origens.

“O jogo contra a França vai ser 50/50, a equipa que vai ganhar é a que jogar melhor. Mas eu, de qualquer maneira, vou torcer por Portugal: o meu sangue é português e nunca me esqueço de Portugal”, referiu José António, que nasceu em França há já 49 anos e, apesar de nunca ter vivido em Portugal, afirma ser de Aveiro.

Também Celina, que confessa não gostar de ver jogos da seleção por achar que “traz azar”, admite já estar stressada com o jogo desta sexta-feira contra a França, sobretudo por considerar que Portugal perde sempre contra os franceses.

“Por quem vou torcer? É verdade que é muito complicado, porque também gosto da França, mas eu apoio sempre Portugal”, referiu, entre sorrisos.

O embate está marcado para a próxima sexta-feira, dois dias antes da segunda volta das eleições legislativas francesas. Na terra natal de Jordan Bardella, estes portugueses parecem estar mais preocupados com a “velocidade extraordinária” de Mbappé do que com a extrema-direita.

Afirmando estarem bem integrados e serem conhecidos por trabalhar bem, a segunda volta das legislativas é um tema que só está em pano de fundo para estes cidadãos com dupla nacionalidade que, esta noite como em todas as outras, assumiram-se franceses, mas com coração português.