Há dias foi divulgado um estudo que se debruçava sobre a emigração portuguesa. Os números são completamente avassaladores e por isso destaco esta parte: “30% dos nascidos em Portugal com idades entre os 15 e os 39 anos (…) vivem atualmente no exterior.”

Nessa mesma peça, a demógrafa Maria Filomena Mendes refere que os jovens procuram no estrangeiro melhores condições de vida, uma vez que em Portugal, as crises económicas sucessivas defraudaram as suas expetativas. Em tudo semelhante à geração dos anos 60 e 70, que encarava a emigração como uma fatalidade, mas a única saída possível para conseguirem ter uma vida melhor. E contrariamente ao que a esquerda tem apregoado, nos últimos tempos, não tem mal querer ter uma vida melhor, não tem mal ambicionarmos dar um futuro melhor aos nossos filhos, não tem mal querermos um Maserati (Pedro Nuno Santos é que pelos vistos não queria que se soubesse); não tem mal querermos uma casa de sonho. O que tem mal é não conseguirmos descansar, porque precisamos de ter dois empregos para fazer face às despesas, ter medo de perder a casa ou não sabermos como é que vamos chegar ao trabalho por causa das greves constantes.

Que os nossos jovens queiram ir para fora, porque querem acumular experiência ou ter outras vivências é natural. O que é preocupante é ouvi-los dizer que aqui não conseguem ser independentes, que não conseguem constituir família, que não vão ter saídas profissionais, ou que não vão progredir na carreira. Desistem do país e desistem destes discursos, que teimam em promover a pequenez e a vergonha de ser ambicioso.

Este êxodo tem um impacto enorme nas famílias e por mais que tentemos encarar isto com alguma ligeireza, quando chega a nossa vez não há como convencer ninguém a ficar, até porque não temos argumentos para lhes mostrar que estão errados. Somos o 4º país com o maior esforço fiscal da União Europeia o que faz de Portugal um país pobre, mas com imposto de rico e o mais gritante é que os serviços públicos não correspondem ao esforço que fazemos.

O Partido Socialista sabe disto e é por isso que escolheu um slogan de campanha falso: Portugal Inteiro, quando na verdade, Portugal está partido.

Sabendo disto, Pedro Nuno Santos não quer mudar nada e por isso é que escondeu as suas origens endinheiradas e a vida folgada que tem. Quer incutir isso aos portugueses, quer que eles se habituem à pobreza, à dependência, ao poucochinho, para que não queiram ter mais e até se sintam culpados por isso. Mas tal como em décadas passadas, os portugueses não se resignam e procuram, fora de Portugal, alternativas. Os portugueses emigrados apercebem-se que é legítimo querer viver bem, é legítimo querer mais e por isso rapidamente as comunidades lusitanas são reconhecidas por serem altamente produtivas e valorizadas. É nessa altura que os portugueses se tornam perigosos para os socialistas.

Passam a ter outras experiências e percebem que as políticas liberais dos países para onde emigram, afinal funcionam.

O psicólogo Eduardo Sá num artigo de opinião, sobre este tema, disse que Portugal ligava pouco às pessoas e ao futuro e que por isso não era um país para jovens, nem para crianças, nem para os mais velhos.

É precisamente um país de futuro que queremos construir para que os nossos jovens não tenham de emigrar e os que saíram tenham vontade de regressar. Procura-se fora do país alternativas, nós queremos criar essas alternativas cá dentro.

Vice-presidente da Iniciativa Liberal e deputada municipal em Lisboa