Luís Montenegro afirmou que Portugal manterá uma relação muito próxima com a França, qualquer que seja o próximo governo, e considerou que ficou salvaguardado o compromisso deste Estado-membro com o projeto europeu.
O primeiro-ministro ressalvou que não queria imiscuir-se no “desenvolvimento da ação política” em França, “por razões de natureza institucional e de representação nacional”. No plano bilateral, afirmou que Portugal tem com França “uma relação muito, muito, muito próxima”, acrescentando: “E mantemos, qualquer que seja o Governo a tomar posse”.
Segundo Montenegro, “aquilo que se pode extrair do resultado” das legislativas antecipadas em França “é o comprometimento da França com o projeto europeu”.
“Aquilo que resulta claro, do meu ponto de vista, dos resultados eleitorais, apesar dos extremos, que têm muita representação, os dois extremos, há uma conclusão que é: podemos contar com a França nos próximos anos como parceiro e um Estado-membro colaborante na União Europeia”, considerou.
A Nova Frente Popular foi a força que conseguiu o maior número de lugares na Assembleia Nacional Francesa, mas sem maioria absoluta, após a segunda volta das eleições legislativas antecipadas, realizada no domingo. O Juntos, Emmanuel Macron, ficou em segundo lugar, enquanto a União Nacional, de extrema-direita, ficou em terceiro lugar.
Antes, o presidente do PSD falou dos resultados em Portugal das eleições de 9 de junho para o Parlamento Europeu, salientando que “as duas maiores forças políticas elegeram 15 mandatos em 21”.
“E, se acrescentarmos os dois que foram alcançados pela Iniciativa Liberal, nós podemos dizer que em Portugal forças políticas moderadas obtiveram do ponto de vista da vontade popular livre e democrática do povo uma representação equivalente a 17 mandatos em 21. E os outros quatro são de facto das forças políticas do lado esquerdo extremo e do lado direito extremo”, prosseguiu.
Na sua opinião, “se alguma semelhança isso pode ter com umas eleições que se realizaram num Estado-membro da União Europeia importante, talvez seja essa”.
Sobre o resultado do Chega nas eleições europeias, sustentou que “não foi à conta dos partidos centrais, dos partidos moderados que a representação da extrema-direita obteve os dois mandatos que tem, foi precisamente à conta daqueles que foram perdidos do outro lado do espectro político”.
Luís Montenegro fez uma saudação especial ao cabeça de lista da AD às europeias, que esteve presente na reunião do Conselho Nacional: “Queria cumprimentar o Sebastião Bugalho, que foi o nosso cabeça de lista nas eleições europeias e que, não estando ainda inscrito no PSD, se bateu e encarou a campanha eleitoral como se já fosse um dos nossos há muitos anos e, portanto, muito obrigado e um bom mandato”.
Montenegro reiterou que a eleição de António Costa para presidente do Conselho Europeu, que “contou não só com o apoio como com o empenho do Governo português”, foi feita “no pressuposto de um acordo político alargado, no decurso do qual deve haver natural reciprocidade”.
Exige-se que os “representantes portugueses das demais famílias políticas envolvidas” nesse acordo apoiem “convictamente, sem falhas” Ursula von der Leyen para presidente da Comissão Europeia e Roberta Metsola presidente do Parlamento Europeu, disse.