As receitas fiscais do Estado neste ano serão históricas. As maiores de sempre. Quem o diz são os próprios socialistas, que falam em recorde nas receitas e em superavit, que é super, mas apenas para o Estado e não para os portugueses, embora sejamos todos nós o Estado.

A verdade é que, após oito anos de governação do PS e depois de se atingir o máximo de sempre em carga fiscal – 38% do PIB -, pouco ou nada melhorou no dia-a-dia dos portugueses e poucas ou nenhumas grandes e estruturais mudanças e reformas necessárias foram feitas. E muito pior ainda do que tudo isso é que esta péssima governação vai ficar na História pelas piores razões: a destruição e colapso do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Fruto da incompetência e mediocridade em que o socialismo é exímio, mais dinheiro não significa melhor e mais saúde para os portugueses, mas precisamente o contrário. Ainda nesta semana, as tristes notícias, sobretudo para quem tanto precisa e espera que o Estado cumpra as suas funções e obrigações, davam conta de que, neste país, em plena União Europeia do século XXI, há 38 hospitais em que 90% dos serviços estão indisponíveis. É simplesmente surreal. Pior: é trágico!

Um Serviço Nacional de Saúde que não responde às necessidades dos portugueses e também não se adequa aos seus milhares de profissionais Estado e PS andam, literalmente, a brincar às casas de papel com o PRR, que não ata nem desata e que nem foi devidamente bem preparado (médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, administrativos). Aliás, é inconcebível que após tanto investimento feito pelo próprio Estado e pelas famílias na formação e qualificação dos nossos jovens – capazes de ombrear neste aspeto com os melhores da Europa -, estes estejam sem oportunidades, em Portugal, e tenham, pura e simplesmente, de sair do país e emigrar para terem sucesso e esperança no futuro, como as gerações dos seus avós e bisavós.

Na habitação, depois das promessas de António Costa de 26 mil casas até 2024 para as famílias necessitadas, quase nada foi feito. Existem apenas 1.400. Como se não bastasse este incumprimento, a subida de juros está a deixar a classe média pobre e sem capacidade de resposta, sem que o governo encontre soluções, que existem e que já deviam fazer parte deste Orçamento do Estado.

Não faz sentido que este Orçamento do Estado não contemple, como nos anos 90, bonificações nos juros para o crédito jovem.

Neste momento, o que acontece é que o Estado e o PS andam, literalmente, a brincar às casas de papel com o PRR, que não ata nem desata e que nem foi devidamente bem preparado, já que a legislação e prazos de execução não foram acautelados de forma a dar as respostas rápidas e desejadas de que o país e as pessoas tanto precisam ainda.

Os dias vão passando e, infelizmente, continuamos a desperdiçar oportunidades – talvez a última de sairmos da cauda da Europa onde, cada vez mais, estamos enterrados, deixando-nos sem esperança e sem futuro.

Presidente da Câmara Municipal do Funchal

Artigo publicado na edição do NOVO de dia 11 de novembro.