O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nuno Sampaio, anunciou hoje em Paris que Portugal irá apoiar o Líbano com 150 mil euros, no âmbito da conferência internacional de apoio promovida esta quinta-feira na capital francesa.

“Portugal irá apoiar com equipamento médico, com medicamentos. Para já, no âmbito desta conferência, serão 150 mil euros: 75 mil euros para a Cruz Vermelha e outros 75 mil para as Nações Unidas”, disse o secretário de Estado aos jornalistas à saída da conferência convocada por Emmanuel Macron, no centro de conferências ministerial em Paris.

Este apoio, que já está a ser tratado em termos financeiros e administrativos, deverá “chegar através dos canais adequados com a maior brevidade possível”, afirmou.

Na quarta-feira, a presidência francesa anunciou que a prioridade desta conferência internacional seria responder ao apelo das Nações Unidas (ONU) de angariar o equivalente a 371 milhões de euros para apoiar os deslocados provocados pela ofensiva israelita contra o grupo xiita Hezbollah em curso no Líbano.

Segundo a ONU, existem cerca de 1,2 milhões de pessoas deslocadas no território.

De acordo com Nuno Sampaio, Portugal defende que “a resolução 1701 [do Conselho de Segurança da ONU] deve ser totalmente cumprida” no Líbano, o que estipula que apenas as forças de manutenção da paz [UNIFIL] e o exército libanês devem ser colocados no sul do país, na fronteira com Israel, para assim garantir o apoio à soberania do Líbano e à sua população.

“Neste momento, o número de pessoas deslocadas no Líbano cresce todos os dias, isto compreende população libanesa, mas também refugiados, quer palestinianos, quer de Síria”, acrescentou Nuno Sampaio, referindo que o país está a tentar reunir mais apoio, nomeadamente medicamentos, num “esforço internacional de ajuda humanitária” para a “dramática situação que se vive no Líbano”.

Portugal foi um dos 70 países e 15 organizações internacionais presentes nesta conferência em Paris, em que se apelou ao cessar-fogo imediato.

Nas mesmas declarações, o secretário de Estado recordou que Portugal votou favoravelmente, em maio passado, a recomendação para o reconhecimento da “Palestina como membro das Nações Unidas e há muito defende a Solução de Dois Estados [Palestina e Israel]”, apelando atualmente a que “União Europeia possa tomar uma decisão conjunta no sentido do reconhecimento da Palestina”.

“O esforço de Portugal é um esforço de ajuda humanitária, é um esforço de apelo para que haja um cessar-fogo imediato, de condenação de todas as violações do direito humanitário e do direito internacional e esperamos que os canais diplomáticos, este esforço diplomático consiga trazer paz ao Líbano, consiga trazer paz à Palestina, consiga trazer paz ao Médio Oriente”, referiu.

Ainda sobre o reconhecimento da Palestina por parte de Portugal, Nuno Sampaio garantiu que o país irá continuar a acompanhar o evoluir em termos diplomáticos da situação, estando neste momento “numa posição de intermediação e numa posição construtiva” em que procura que a União Europeia tenha uma posição conjunta.

Desde o agravamento em setembro dos confrontos entre Israel e o Hezbollah no sul e na capital do Líbano, Beirute, 80 pessoas já foram repatriadas para Portugal em duas operações feitas pela Força Aérea portuguesa em conjugação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

“Portugal, através dos seus serviços diplomáticos e consulados, tem acompanhado todos os portugueses que estão no Líbano”, estando “perfeitamente capacitado para continuar a apoiar os portugueses, há pessoas que têm as suas vidas no Líbano e que não quiseram abandonar o país”, acrescentou o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.

O presidente francês anunciou na abertura da conferência internacional que França vai fornecer um pacote de 100 milhões de euros de apoio ao Líbano, apelando a uma “ajuda maciça” ao país onde a guerra já provocou 2.500 mortos e milhares de deslocados.

Os organizadores franceses da reunião esperam que as promessas de ajuda humanitária atinjam os 394 milhões de euros pedidos pelas Nações Unidas.