A Câmara Municipal do Porto considerou hoje que o futuro da antiga ponte ferroviária Maria Pia, que atravessa o rio Douro e está sem exploração há mais de 30 anos, deverá ser discutido com o próximo governo.

Em resposta escrita enviada à agência Lusa, mostrando-se disponível para colaborar numa solução, a autarquia apontou que é o governo o responsável pela infraestrutura.

“Estamos disponíveis para colaborar, quer com Vila Nova de Gaia, quer com as Infraestruturas de Portugal, com o intuito de reativar a ponte Maria Pia. Este tema deverá ser discutido com o próximo governo, uma vez que aquela entidade é a responsável pela infraestrutura, e a sua posição em relação ao futuro da ponte certamente será determinante”, lê-se na resposta.

A ponte Maria Pia está sem exploração há mais de 30 anos, e a Infraestruturas de Portugal garantiu na terça-feira, também em resposta à Lusa, que esta estrutura tem sido alvo de inspeções, bem como de intervenções de manutenção “de forma a assegurar a integridade dos principais elementos que [a] constituem”.

Adicionalmente, a empresa apontou que tem analisado, em conjunto com as Câmaras do Porto e de Vila Nova de Gaia, a utilização futura da ponte como via pedonal e ciclável.

“Está em vigor um contrato de subconcessão celebrado com o Município do Porto para adaptação e utilização da plataforma do Ramal da Alfândega, entre os quilómetros 0,491 e 3,359, para fins dos modos suaves de mobilidade, turísticos e/ou lazer, estando prevista, na sequência desse projeto, a análise conjunta pela Infraestruturas de Portugal e pelos Municípios de Gaia e do Porto da utilização futura da Ponte Maria Pia como via pedonal e ciclável”, lê-se na resposta.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia alertou na segunda-feira para a necessidade de o próximo governo acertar o futuro da antiga ponte ferroviária Maria Pia, cuja intervenção foi estimada em 15 milhões de euros.

Em declarações aos jornalistas depois de, no ponto prévio da reunião de câmara de segunda-feira, ter explicado o sentido das suas afirmações na última assembleia municipal em resposta a uma pergunta do público, Eduardo Vítor Rodrigues manifestou empenho em que haja uma solução, mas que é impensável o município assumir a fatura da obra.

“A demonstração do nosso empenho no assunto é que quer do lado do Porto quer do lado de Gaia toda a zona municipal de acesso à ponte está toda tratada. Só falta a ponte”, recordou o autarca socialista.

Para Eduardo Vítor Rodrigues a solução passa por “colocar as instituições a falar”, defendendo que o “novo governo vai ter de assumir o assunto de forma determinante, porque é uma obra de arte, é uma coisa importantíssima da identidade do município de Gaia e do Porto”.

Questionado pela Lusa sobre há quanto tempo a Infraestruturas de Portugal não fala com os dois municípios sobre o assunto, o presidente da autarquia recordou que o assunto tramitou no primeiro mandato do ciclo autárquico” do PS à frente da câmara, “de 2013 a 2017”.

Inaugurada em 1877 pela rainha que lhe deu o nome, a ponte Maria Pia é considerada a primeira grande obra de Gustavo Eiffel, tendo obtido um prémio internacional de engenharia. Com 1.600 toneladas de ferro, foi laboratório de soluções técnicas inovadoras para a época, como a conceção de um tabuleiro de 54 metros sobre um arco único de 160 metros de corda.