O boicote às eleições é uma ameaça recorrente por parte de alguns sindicatos. O primeiro a avançar com a cominação foi o Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ), a propósito do estatuto profissional cuja atualização permanece ainda uma reivindicação. A entidade lembrou que terminado o prazo para apresentação de listas de candidatos à eleições, o juiz manda afixar cópias à porta do edifício do tribunal. Pode acontecer que não haja oficiais de justiça para afixar as listas se fizerem greve em períodos diferentes do dia, tal como tem vindo a acontecer. Não se tratou de uma ameaça mas de uma circunstância que o SOJ diz poder verificar-se. Do mesmo modo, também o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Armando Ferreira, em entrevista à SIC, no sábado, lembrou que “quem transporta os boletins e urnas de voto são as forças de segurança e, se acontecer nesse dia algo semelhante ao que está a acontecer [apresentação inusitada de baixas médicas], as coisas podem ganhar uma dimensão maior”.

As palavras de Armando Ferreira foram interpretadas pelo poder político, e comentadores, como um incentivo ao boicote ao sufrágio eleitoral. O próprio já veio esclarecer que nunca tivera tal intenção. “Apenas foi um alerta”, disse, e, neste sentido, anunciou esta quinta-feira que vai processar judicialmente, por calúnia, quem afirmou que ele falou em boicote, nomeadamente o Primeiro-Ministro e o Ministro da Administração Interna.

Para já, está para continuar a luta dos oficiais de justiça e dos elementos das forças de segurança, representados pela plataforma sindical. Os primeiros mantêm a greve às horas extraordinárias, e os segundos já têm agendado vigílias nos aeroportos e portos no dia 15 de fevereiro, às 6h00, e uma concentração no Terreiro do Paço no dia 19 de fevereiro, pelas 17h30. No dia 2 de março será organizado um encontro nacional de polícias da PSP e militares da GNR, para auscultar os associados.