Uma perícia médico-neurólogica ao ex-presidente do BES Ricardo Salgado, efetuada no âmbito de um processo cível no Tribunal de Cascais, confirmou que o ex-banqueiro sofre de uma doença neurológica, muito provavelmente Doença de Alzheimer.
“Confirma-se sofrer o examinado de patologia neurológica/neuro-psiquiátrica, mais propriamente Doença de Alzheimer muito provável, estando não só presente a necessária semiologia clínica, como sendo o diagnostico igualmente suportado por exames complementares de diagnóstico estruturais (imagiológicos), funcionais (neuropsicológicos) e fisiopatológicos (biomarcadores), lê-se nas conclusões do relatório da perícia, a que Lusa teve esta segunda-feira acesso.
Apesar de confirmar a existência de uma patologia neurológica, o relatório considera que, sendo a doença em grau clinicamente moderado, “não impossibilita nem é impeditiva” da comparência de Ricardo Salgado em tribunal e da prestação de declarações.
O relatório tinha sido pedido pelo juiz do juízo central cível de Cascais, onde corre uma ação contra Ricardo Salgado, de 79 anos, pois embora o réu não tenha invocado a existência de falta de capacidade judiciária, invocou “uma situação de doença que o impossibilitará de comparecer, ou pelo menos de comparecer com efeitos úteis, uma vez que não se encontra em condições de prestar o seu depoimento”.
Deste modo, o Tribunal de Cascais requereu ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses que prestasse “informação destinada a confirmar veracidade da alegação do réu relativa à sua impossibilidade em comparecer em tribunal por razões de saúde e a prestar depoimento”.
Ainda assim, os peritos admitem que possa ser útil e medicamente recomendável que Ricardo Salgado “se possa acompanhar por pessoa que escolha, para o que está capaz”.
Ricardo Salgado foi submetido em 28 de setembro a uma outra perícia médico-legal em Coimbra pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, a pedido da juíza do processo-crime EDP, onde o ex-banqueiro responde por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.
São ainda arguidos neste processo-crime o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e sua mulher, Alexandra Pinho.
No âmbito do processo conexo da Operação Marquês, Salgado foi condenado em março de 2022 a uma pena única de seis anos de prisão por três crimes de abuso de confiança, sendo que o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) agravou em maio de 2023 a pena para oito anos.