As listas de candidatos a deputados do PS “tiveram apenas três votos contra” em 86 votantes, revelou Pedro Nuno Santos, no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS, sublinhando que conciliam defesa do legado dos governos com a renovação do partido.

O secretário-geral do PS recusou, em declarações aos jornalistas no final do encontro onde foram votadas as listas, que o processo de constituição tenha sido atribulado.

“A constituição de listas de candidatos a deputados tem sempre alguma tensão, com entradas e saídas, o que é normal. Houve uma larga maioria a aprovar as listas: em 86 votantes, apenas seis contra. Foi uma votação esmagadora a favor das listas”, sustentou.

Interrogado sobre incidentes registados ao longo dos últimos dias, como o caso de Álvaro Beleza, que desistiu de ser cabeça de lista por Vila Real, Pedro Nuno Santos procurou desdramatizar, contrapondo que “há sempre desencontros durante os processos de elaboração das listas de candidatos a deputados – e isso não é relevante”.

“O que é relevante é que temos listas que conseguem conciliar a renovação com a experiência: 50% dos cabeças de listas do PS são novos. Alguns continuam, alguns são membros do governo”, referiu.

Pedro Nuno Santos apontou depois que o país assistiu a uma legislatura ser interrompida, em que o PS tinha maioria absoluta no parlamento, justificando nesse contexto a presença de vários membros do governo como cabeças de lista em círculos eleitorais.

“Há membros do governo que têm feito um excelente trabalho, que nós queremos que continue. Conciliamos a defesa do legado desta governação com a necessidade de darmos um novo impulso”, sustentou.

Ainda de acordo com o líder do PS, no seu partido apostou-se “numa combinação entre competência, experiência e também renovação”.

“Na pluralidade que é o PS, temos de conseguir fazer listas que traduzam essa pluralidade. E esse esforço está retratado. Nunca houve qualquer intenção de fazer uma rutura com o passado. Queremos honrar toda a história do PS”, acentuou.

Neste ponto, na parte final das suas declarações, foi ainda um pouco mais longe, dizendo que se enganou “quem esperava uma rutura” neste processo de formação das listas de candidatos a deputados.

“Todos os nove líderes do PS assumiram toda a história do partido e sempre conseguimos conciliar a pluralidade existente no partido. Isso não é sinal de fraqueza, mas de força. Somos um partido da estabilidade e da previsibilidade”, insistiu.

Pedro Nuno Santos advogou também que o PS “tem um leque relevante” em termos de potencial de recrutamento de quadros.

“Vamos ter o fórum de discussão [do programa eleitoral] e aí poderão verificar a capacidade que o PS tem de envolver independentes na discussão, no debate, no pensamento e na construção do programa”, disse, antes de atacar o PSD em matéria de recrutamento de independentes.

“Nós não inventamos falsos independentes. No PS, os independentes, quando trabalham connosco, acabam por aderir ao partido”, disse.

Ainda em relação ao PSD, Pedro Nuno Santos defendeu que o PS apresenta “homens e mulheres com experiência, que sabem o que é governar e que são qualificados”.

“Essa é uma nota que nos distingue do nosso principal adversário que não tem quadros com o mesmo nível de experiência. Isso é muito importante, porque os tempos que enfrentamos são desafiantes, o que exige governantes e políticos com experiencia, com competência, provas dadas e, obviamente, com sangue novo”, reforçou.

Já sobre a ausência do dirigente Daniel Adrião, que foi primeiro colocado em quinto lugar na lista de candidatos a deputados pelo círculo de Coimbra, mas depois retirado, o secretário-geral do PS alegou: “Os processos de elaboração das listas são sempre difíceis”.

“Há muita gente que sai e há muitas pessoas que querem entrar. É normal que existam desencontros e até alguma tensão. Tem de haver capacidade de o PS lidar com isso e seguir em frente. No PS há uma continuidade com um novo impulso. Há pessoas que continuam e outras não”, acrescentou.