Paulo Rangel defende hoje que Maria Luís Albuquerque tem “grande perfil executivo” e ajustado ao cargo de comissária europeia para que foi escolhida pelo governo.
“Maria Luís Albuquerque há 10 anos já tinha tido uma indicação para este cargo e tem um grande perfil executivo que garante que terá uma grande capacidade de realização. Os europeus e a União Europeia ganharam muito com esta escolha do Governo português, e uma particular do primeiro-ministro, e Portugal reflexiva e lateralmente terá um valor acrescentado com isto”, disse o o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Falando no Summer CEmp, escola de verão da Representação da Comissão Europeia em Portugal, que decorre em Miranda do Douro onde é orador, Paulo Rangel acrescentou ainda que “nesta escolha, tudo o que tinha de ser feito, foi feito”.
“Foi sempre assim (…) e estou totalmente tranquilo, não há nenhuma consulta que não tivesse sido feita”, enfatizou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Paulo Rangel pediu ainda em particular ao PS que reconheça que o Governo deu um ótimo exemplo do que é o sentido nacional quando apoiou de forma convicta a candidatura de António Costa a presidente do Conselho Europeu.
“Eu esperava que o PS tivesse o mesmo sentido do interesse nacional quando estamos falar de um comissária com os pergaminhos, currículo e a estatura de Maria Luís Albuquerque”, indicou.
Questionado quanto à pasta que gostaria que Albuquerque ocupasse, o governante disse que “o segredo é alma do negócio” e que o processo de atribuição de pastas “terá de decorrer com grande discrição”.
Maria Luís Albuquerque foi ministra de Estado e das Finanças durante o período em que Portugal estava sob assistência financeira da Troika, sucedendo a Vítor Gaspar em julho de 2013 e mantendo-se até final do executivo liderado por Pedro Passos Coelho.
No PSD, foi vice-presidente durante a liderança de Passos Coelho e cabeça de lista dos candidatos a deputados pelo PSD em Setúbal em 2011 e 2015. Atualmente é membro do Conselho Nacional do PSD – segundo nome da lista da direção de Luís Montenegro, logo a seguir a Carlos Moedas –, e membro do Conselho de Supervisão da subsidiária europeia da empresa norte-americana Morgan Stanley.
O PS considerou na quarta-feira que Maria Luís Albuquerque tem um legado de “política de austeridade” e um perfil político distinto das prioridades da União Europeia, criticando a ausência de auscultação aos partidos.
“É um perfil que, no plano técnico, pode eventualmente representar aquilo que o Governo deseja, mas politicamente está diametralmente num campo distinto das opções e das prioridades que a União Europeia terá neste momento”, disse aos jornalistas o vice-presidente do PS, Pedro Delgado Alves.
O socialista lamentou que no processo decisão do Governo não tenha havido uma auscultação prévia aos partidos, o que “teria sido democraticamente mais saudável e desejável”.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu na quarta-feira que Maria Luís Albuquerque passou a ser a candidata de Portugal a comissária europeia a partir do momento em que foi escolhida pelo Governo, acrescentando ainda que, nesta escolha do Governo, apenas foi “informado e não consultado”.
O Presidente da República disse ainda que não comenta as posições dos partidos, justificando que, “como em tudo na vida, há quem concorde e quem discorde”, mas não tem de se pronunciar.