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Parlamento recomenda aprovação do Plano Ferroviário Nacional após debate com acusações entre PSD e PS

A entrada de Pedro Nuno Santos na sala, logo a seguir à votação do projeto de resolução do PS e antes da votação das restantes iniciativas, gerou um burburinho na sala e a reação de muitos deputados.
3 Julho 2024, 19h59

O PS viu esta quarta-feira, 3 de julho, viabilizada a sua resolução que pede ao Governo para aprovar o Plano Ferroviário Nacional, após um debate em que os socialistas foram acusados de hipocrisia e desfaçatez e o PSD de desinvestimento na ferrovia.

Em debate no plenário da Assembleia da República esteve, pela mão do PS, o Plano Ferroviário Nacional aprovado pelo anterior Governo e que os socialistas pretendem que o executivo de Luís Montenegro lhe dê sequência.

Os socialistas conseguiram ver aprovada a sua iniciativa, sem força de lei, mas o debate ficou marcado pela troca de acusações e responsabilidades entre PS e PSD e a condenação dos partidos da direita pela ausência durante a discussão do líder do PS e antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, cujo legado neste setor foi muito criticado.

A entrada de Pedro Nuno Santos na sala, logo a seguir à votação do projeto de resolução do PS e antes da votação das restantes iniciativas, gerou um burburinho na sala e a reação de muitos deputados, o que teve que levar à intervenção do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que chegou a ameaçar fazer uma interrupção dos trabalhos caso o barulho continuasse.

O projeto de resolução do PS, no qual é recomendado ao Governo que, após a discussão no parlamento, conclua a aprovação do Plano Ferroviário Nacional e concretize os objetivos deixados pelo anterior executivo socialista foi aprovado com os votos a favor de todos os partidos, à exceção do Chega que votou contra.

Este debate ficou ainda marcado pelo teste do novo sistema de semáforo criado para regular o tempo das intervenções dos deputados. Pela primeira vez, este sistema levou ao corte do som dos microfones quando a tolerância dos 15 segundos foi excedida, o que acabou por acontecer a parlamentares como Paulo Núncio (CDS-PP), Filipe Melo e Raul Melo (Chega) ou Inês Sousa Real (PAN).

Na intervenção que encerrou o debate, o deputado do PS João Torres defendeu o líder do PS e o “orgulho no legado” do antigo governante, vendo na insistência dos partidos em falar de Pedro Nuno “a sua importância política como líder da oposição”.

“Nesta como noutras matérias, hoje mais uma vez mais se comprovou que é com o PS que se marca o ritmo, a AD só marca o passo”, concluiu.

O social-democrata Paulo Moniz considerou que Pedro Nuno Santos, que “já tinha perdido os aviões, agora perdeu o comboio”.

Para Paulo Moniz, este debate foi um ato de “hipocrisia política”, “masoquismo político” e “desfaçatez” do PS ao pedir a aprovação de um plano ao novo Governo “que tiveram mais de três anos para o fazer e não conseguiram”.

Na resposta, pelo PS, José Carlos Barbosa acusou os sociais-democratas de “falta de coerência e de vergonha” por, quando foram Governo, “terem fechado oficinas e encostado material circulante”, além de terem dado zero contributos dos 600 dados para o Plano Ferroviário Nacional.

João Vale e Azevedo, do PSD, questionou a urgência do debate e defendeu que aquilo que o PS pretende é “dar sinais de vida e de iniciativas”, além de “elogiar a obra do Pedro Nuno Santos” e contribuir para “o mito do fazedor, do senhor ferrovia”, um legado que diz não lhe reconhecer.

O outro partido que suporta o Governo, o CDS-PP, por Paulo Núncio, também acusou o PS de nada ter feito sobre ferrovia, além de propaganda, nos nove anos e três governos.

Filipe Melo, do Chega, recordou o antigo primeiro-ministro José Sócrates, afirmando que fez o país perder milhões de euros devido à alta velocidade, e criticou a ausência de Pedro Nuno Santos e a “hipocrisia” de agendar este debate, mas que considerou ter a vantagem de mostrar ao país “a vergonha dos últimos nove anos” do PS.

Já pela IL, Bernardo Blanco recordou as “muitas promessas do PS” neste setor, mas em que “infelizmente muito pouco avançou”, considerando que com o PS “Portugal ficou quase nove anos a ver passar comboios”, esperando que com o novo Governo “possa ser diferente”.

Marisa Matias, do BE, apontou a curiosidade de um debate que o PS marcou “para exigir ao Governo o que a sua maioria absoluta não fez” e o PSD que “escolheu não trazer nenhuma proposta a debate”, mas para esconder aquilo que defende, que é a “liberalização, abertura à concorrência e privatização”.

António Filipe, do PCP, acusou o PS de propor ao Governo da AD que concretize um plano que nunca chegou a apresentar durante a sua governação, avisando que o executivo da AD aposta numa “maior liberalização e maior segmentação das empresas ferroviárias, ao que tudo indica para facilitar novas privatizações”, o que significa continuar a política que levou a ferrovia à “situação de desastre em que se encontra”.

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