O Governo palestiniano pediu hoje ao Tribunal Penal Internacional (TPI) uma ordem de prisão contra o ministro das Finanças israelita, o ultraconservador Bezalel Smotric, por ter defendido, na segunda-feira, a morte à fome dos dois milhões de habitantes de Gaza.

As declarações do ministro, que é também um colono na Cisjordânia, são “uma expressão direta das mais horríveis formas de fascismo” e “o reconhecimento da adoção de uma política de genocídio”, denunciou o governo da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) num comunicado.

“Com a atual realidade internacional, não podemos gerir uma guerra. Ninguém nos deixará matar à fome dois milhões de civis, mesmo que isso seja justificado e moral”, disse Smotrich numa conferência organizada pelo jornal Israel Hayom, acrescentando que deixam entrar a ajuda humanitária em Gaza “porque não têm outra escolha”.

Na sequência destas declarações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano exigiu que o TPI emita um mandado de captura para Smotrich, embora o tribunal ainda não tenha aceitado ou rejeitado um pedido semelhante apresentado pelo seu procurador, Imran Khan, no final de maio, contra dirigentes israelitas e do Hamas.

A 20 de maio, Khan pediu ao TPI que emitisse mandados de captura para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e para os altos responsáveis do Hamas Yahya Sinwar, Ismail Haniyeh e Mohamed Deif, dos quais apenas Sinwar permanece vivo, sendo atualmente líder do movimento islamita.

Smotrich faz parte da ala mais dura do governo de Netanyahu, sob a direção do ultradireitista e colono Itamar Ben Gvir, que é também responsável pela pasta da Segurança Nacional.

Ben Gvir chegou ao ponto de apelar à execução dos prisioneiros palestinianos – ele é responsável pelo sistema prisional – “com tiros na cabeça” em vez de lhes dar mais comida, e afirmou que o seu objetivo é tornar as suas condições de vida tão más quanto possível.

Também o chefe do Património, Amichai Elyahu – que faz parte do Poder Judaico, o partido liderado por Ben Gvir – disse em novembro que lançar uma bomba atómica sobre Gaza era uma das opções na guerra que, ao fim de dez meses, já fez cerca de 40.000 mortos palestinianos.