Este mês de Agosto 2024, não irei enaltecer nenhum dado estatístico ou económico de Portugal, mas convido-vos a terem um momento de reflexão e a olhar para Portugal de um prisma e dimensão diferente. Às vezes deixamo-nos dominar pelos elementos pragmáticos dos números para definir o nosso sucesso e as dificuldades de décadas pós-revolução 74. No entanto, é crucial relembrar que nem tudo se resume a métricas e dados, a verdadeira essência lusitana reside na forma como observamos e vivenciamos o mundo em nosso redor.
Questiono-me o que significa ser português neste mundo global e que legado está intrínseco ao nosso DNA? E como foi possível o espírito aventureiro e perseverante da época dos descobrimentos, ter sido diluído nos séculos seguintes.
Portugal é sem dúvida um país de histórias inspiradoras e realizações épicas, ao longo da nossa história enfrentámos imensos desafios e grandiosas conquistas, porventura é um enorme subterfúgio e fácil, em tempos de dificuldade, focarmo-nos nas estatísticas que continuadamente apontam para problemas de competitividade, produtividade, burocracia e perda de talentos. Mas não será também verdadeiro, que ao fazermos isso, corremos o risco de menosprezar o verdadeiro espírito que define a nossa nação desde 5 de Outubro de 1143? Isto porque apesar do mundo ser cruel e falar duas linguagens financeira e militar, devemos reconhecer que o legado deve ser também medido na resiliência do seu povo.
No entanto, é justamente em momentos de adversidade que o verdadeiro caráter de uma nação é revelado (imaginemos ter 10 Cristianos Ronaldos por cada área de atuação da sociedade), a escala é indiferente porque iriamos criar valor não só económico, mas moral. E, como portugueses, temos razões mais do que suficientes para acreditar que somos capazes de superar qualquer obstáculo e transformar o nosso futuro.
Mas, ao olharmos para a nossa história, percebemos que enfrentámos dificuldades antes e que, com resiliência e determinação, conseguimos superá-las. A mesma coragem e inovação que nos impulsionaram para a descoberta do Novo Mundo estão presentes em cada um de nós hoje. Temos a capacidade de transformar os nossos desafios em oportunidades, de mudar o nosso paradigma e de construir um futuro onde Portugal não é apenas um país respeitado, mas um líder global em diversas áreas, onde já o somos na cortiça e com valor acrescentado.
Para isso, é imperativo que repensemos e atualizemos a nossa abordagem, precisamos de investir fortemente em inovação e educação, de criar um ambiente onde o talento possa prosperar e ser retido. É necessário que reavaliemos as nossas políticas e práticas, promovendo uma maior competitividade e produtividade, e estimulando um ecossistema que apoie os nossos empreendedores e investigadores, a mudança começa com a nossa mentalidade.
Precisamos de acreditar no nosso potencial, de valorizar as nossas capacidades e de trabalhar em rede para criar um ambiente que favoreça o crescimento e a excelência. Cada um de nós tem um papel a desempenhar nesta transformação, seja como cidadão, como empresário ou como responsável político. A nossa determinação e o nosso espírito inovador serão as chaves para desbloquear o potencial que sabemos que existe, somente tem sido adormecido porque vivemos numa cultura de estado ou dependente.
O orgulho de ser português não deve ser um sentimento passivo, mas uma força ativa que nos impulsiona a agir. Deve ser o combustível que alimenta a nossa ambição de construir um país onde todos tenham a oportunidade de brilhar, onde a nossa competitividade e produtividade sejam elevadas e onde o talento seja valorizado e mantido, não podemos brilhar se a nossa atitude é sempre a mesma, dizendo, mas os outros países tem escala e são mais produtivos, tudo depende da nossa visualização e carácter em como enfrentamos os desafios e temos uma visão clara onde estamos e para onde queremos navegar.
É necessário observar o nosso país com os olhos da esperança e da possibilidade. Em vez de apenas observar as nossas dificuldades, celebremos as nossas conquistas e o potencial que reside em cada um de nós. Portugal tem uma tradição de inovação e de adaptação que deve ser reconhecida e valorizada. Em cada canto de Portugal, há histórias de pessoas que estão a fazer a diferença, que estão a criar, a inspirar e a transformar.
Ser português é ter a força de olhar para o futuro com esperança, a resiliência de superar desafios e a capacidade de transformar a adversidade em oportunidades, dizer que sou português das viagens que faço pelo mundo sempre foi significado de alegria, não esquecer que os grandes palcos mundiais políticos e sociais, financeiros foram ou são liderados por Portugueses.
O nosso legado é uma fonte de orgulho que deve inspirar cada um de nós a contribuir para um Portugal mais forte e mais unido. Portanto, neste mês de reflexão, façamos uma pausa e lembremo-nos do valor que temos. Olhemos para o nosso país com novos olhos, reconhecendo que a verdadeira grandeza não está apenas nas estatísticas, mas na forma como vivenciamos e celebramos a nossa identidade. Somos portugueses e, com orgulho, continuaremos a elevar o nosso legado no mundo, é tudo uma questão de alterar o nosso discurso e pensamento.
Viva Portugal! Viva o nosso legado! Viva o futuro que vamos construir juntos!
