As obras do Metropolitano de Lisboa estão com atrasos entre um ano e meio e dois anos e meio e um desvio financeiro de cerca de 500 milhões de euros, admitiu hoje a secretária de Estado da Mobilidade, garantindo, porém, a sua execução.

Cristina Pinto Dias falava numa audição na comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação da Assembleia da República, em Lisboa, a requerimento do PS, sobre “atrasos nas obras do metro de Lisboa”.

Na audição, a secretária de Estado começou por reconhecer que as notícias que tinha para dar aos deputados “não são boas, mas não são novidades”, garantindo, no entanto, que “não há reversões”, nem tão pouco haveria “utilização política dos dossiês”.

“Todos os projetos que recebemos nesta pasta de transição são para executar (…) e não tencionamos fazer política com o assunto. Mas, à data da tomada de posse deste Governo, os atrasos verificados nas obras são um desafio para o cumprimento do calendário de financiamento comunitário. Esta é a realidade”, afirmou.

De acordo com a responsável, os atrasos nos prazos de concretização das três linhas em questão, Amarela/Verde, Vermelha e Violeta, variam entre os 18 e os 30 meses e os desvios orçamentais estão próximos dos 500 milhões de euros, com risco de comprometer fontes de financiamento comunitário, “se nada fosse feito”.

A obra de expansão da linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa abrange uma extensão de cerca de quatro quilómetros e quatro novas estações – Campolide/Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara – e o prazo de execução da obra, com uma extensão de cerca de quatro quilómetros, que está definido em contrato é o final de 2026. A estação de Alcântara fará a ligação à futura Linha Intermodal Sustentável, promovendo a ligação ao concelho de Oeiras.

Em julho, Miguel Pinto Luz revelou, no parlamento, que o metro de Lisboa podia vir a falhar nos prazos para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas que mesmo assim seria mantida a prioridade na expansão da linha vermelha.

Em audição na comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, o ministro das Infraestruturas disse que “o metro de Lisboa tem sido um desafio enorme” e que assumia “a possibilidade de falhar no PRR”, no recebimento de fundos europeus. Já anteriormente, tinha dito que a litigância pode levar a que o metro de Lisboa falhe os prazos do PRR.

No início de agosto, o secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, adiantou que o Governo iria reapreciar projetos em risco de não serem concluídos no prazo estimado de forma a não serem perdidas as verbas do PRR.

O financiamento do PRR prevê um investimento no metro de Lisboa de 400 milhões de euros para a expansão da Linha Vermelha, de São Sebastião até Alcântara, e 250 milhões de euros para a nova Linha Violeta (metro ligeiro de superfície), que ligará o Hospital Beatriz Ângelo por Odivelas a Loures, num total de 650 milhões de euros.

Já a linha Circular, prevista inaugurar no segundo semestre de 2025, vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede e duas novas estações – Estrela e Santos –, unindo as linhas Amarela e Verde num novo anel circular no centro de Lisboa. Além da construção de duas novas estações será remodelada a estação existente no Cais do Sodré.

O investimento previsto na construção desta linha é de 331 milhões de euros.