O papel do pai na vida dos filhos mudou consideravelmente quando comparado com gerações anteriores: a função do pai, elemento distante, era vista como geradora de património, mais do que protetora das crianças que compunham o núcleo familiar, enquanto a mãe assumia praticamente em exclusivo o papel de criação e o acompanhamento diário dos filhos.

Abandonado que foi o paradigma familiar do século passado, pai e mãe assumem, nos dias de hoje, em relação aos filhos, posições e papéis tendencialmente paritários, um e outro trabalhando fora e ambos cuidando e acompanhando, de forma próxima e diária, o desenvolvimento dos filhos na família e na sociedade.

Em consonância com a evolução do paradigma social, ao nível de distribuição dos papéis entre homem e mulher e da igualdade de género, esta participação crescente na vida afetiva e educacional tem levado o pai a reivindicar uma atuação mais ativa na vida dos filhos, mediante um envolvimento constante nas atividades académicas, de lazer, nas atividades do quotidiano, como a alimentação, o adormecer e os cuidados de higiene, que são entendidas como o principal promotor de ajustamento emocional e afetivo das crianças.

Reconhece-se que subjacente a esta evolução da realidade familiar e social está o reconhecimento da igualdade de direitos e deveres dos pais em relação aos filhos e o propósito de envolver, comprometer e responsabilizar ambos os progenitores pelo cumprimento dos poderes/deveres que são conteúdo das responsabilidades parentais: velar pela segurança e saúde dos filhos, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los e administrar os seus bens.

E isto é assim porque ninguém nasce a saber ser mãe ou ser pai. Na maior parte das vezes é a vida que os ensina e é com a prática que se aprende, o que reclama o respeito de ambos, pai e mãe, pela parentalidade recíproca que se assume como de iguais e com iguais competências, obviamente tendo sempre em conta as circunstâncias do caso concreto, avaliadas à luz dos interesses dos filhos.