O secretário-geral do PCP recusa, para já, reeditar o acordo de incidência parlamentar que vigorou entre 2015 e 2019 – solução que ficou conhecida como geringonça e que deu suporte ao governo do PS minoritário. “É daquelas coisas que não se coloca neste momento”, respondeu Paulo Raimundo quando questionado pelos jornalistas.

O líder comunista argumentou que o PS teve dois anos para “exprimir quais são as suas opções”, numa altura em que “teve excedente orçamental, tinha tudo nas mãos”, acabando por tomar decisões contrárias àquelas que o PCP tomaria.

Paulo Raimundo dá três exemplos “concretos”: “1600 milhões de euros em benefícios fiscais para as grandes empresas; mais 200 em milhões de euros em cima do que já estava para as parcerias público-privadas; 8 mil milhões de euros dos bolsos de todos nós para transferir do Orçamento do Estado do Serviço Nacional de Saúde para o setor privado”. “Isto não pode ser, é um escândalo. Nós todos aqui apertados e as opções do governo são essas”, rematou.

A discussão em torno da nova geringonça à esquerda tem ganhado força porque Pedro Nuno Santos, candidato a secretário-geral do PS e, vencendo essa disputa interna, a primeiro-ministro, tem-se manifestado a favor dessa solução, enaltecendo o período político em que Bloco, PCP e Verdes formaram um acordo de incidência parlamentar que permitiu ao PS governar.