O ataque do Hamas, a 7 de outubro, num feriado, o Simchat Torah, em que se celebra a Bíblia hebraica, envolvendo festividades com música e dança, ficará na história da humanidade como um dos seus momentos mais negros.
Desde logo, pela brutalidade e crueldade com que agiram os terroristas, assassinando indiscriminadamente, causando mais de 1.400 mortos entre jovens que estavam num festival de música e colonos, degolando bebés, violando mulheres, queimando pessoas vivas, numa violência que só tínhamos visto antes ser perpetrada pelos psicopatas do Estado Islâmico (ISIS). Fizeram ainda mais de duas centenas de reféns, que raptaram e levaram para Gaza, sem que Israel conseguisse impedi-los.
Nunca esquecerei um jantar, em Jerusalém, em que ouvi o à data ministro da Justiça de Israel, Tommy Lapid, descrever a sua infância no gueto de Budapeste; o pai assassinado pelos nazis, a fuga afortunada à execução com a mãe, para concluir: “Este Estado (Israel) foi criado para que nunca mais uma criança judia passe o que eu passei…”
É chocante e surpreendente a forma como os terroristas conseguiram a infiltração massiva no território de Israel, com largas horas para cometer todo o tipo de atrocidades, sem oposição eficaz. Para mais, se considerarmos que Israel é um líder mundial em segurança e dispõe de um escudo tecnológico de vigilância e dos melhores serviços de informações do mundo.
A surpresa teve seguramente que ver com a forma como o ataque foi preparado, com cumplicidade e assistência do Irão. A inevitável retaliação israelita é, ela própria, objetivo do ataque, pois a destruição, mortes e o sofrimento dos civis palestinianos servem os seus interesses ao estimular o terrorismo global, conquistar o apoio da “rua islâmica” e a simpatia do esquerdismo em geral; comprometendo, ao mesmo tempo, a paz firmada entre Israel e os vizinhos árabes.
Faz por isso sentido o apelo, designadamente de Biden, para que a reação legítima de Israel seja conduzida de acordo com princípios humanitários, no respeito do direito da guerra – enquanto a deslocação dos dois porta-aviões americanos para a região “make no mistakes” não é mais que um claro aviso para que o Irão se abstenha de escalar o conflito.
Se na sequência da invasão russa da Ucrânia foi surpreendente ver, nos media, a russofilia que pululava em comentadores e, sobretudo, em oficiais generais reconvertidos em rocket-espertos, agora surge um conjunto de entendidos que, condenando mais ou menos o ataque, acrescentam sempre um mas, apontando à culpa de Israel e à ilegitimidade da reação, roçando por vezes o antissemitismo. É vergonhoso. Perante o Hamas e este grau de barbárie, não há mas!
Israel tem todo o direito a defender-se e fazê-lo é também a primeira linha de defesa da nossa civilização. Para todo o mundo livre e para as democracias, o único desfecho positivo será a vitória inequívoca de Israel sobre o Hamas.
Advogado