Se visitarmos grandes centros urbanos, em Portugal ou no estrangeiro, vemos centenas e centenas de pessoas – locais ou turistas – a utilizar meios de mobilidade verde e sustentável. O elétrico anda, literalmente, a percorrer as vias, as ruas e os passeios das cidades mais cosmopolitas, transformando-se, cada vez mais, numa escolha primordial para muitos dos transeuntes.
Todavia, à medida que nos vamos afastando desses centros, vamos percebendo, muitas vezes até pela própria vivência local, que a mobilidade é encarada de forma diferente. É, por isso, fundamental uma maior aposta neste conceito no interior.
Uma aposta que se traduza em duas vertentes: nas condições de infraestruturas (postos de carregamento, presença de aplicações e serviços conexos, etc.), mas também de sensibilização para o fenómeno. É importante que muitas das entidades do Estado central olhem para as cidades e vilas do interior do país como verdadeiros catalisadores da transição para uma mobilidade mais sustentável e mais verde.
Em Ferreira do Zêzere temos aproveitado as diversas oportunidades para, de forma isolada ou em conjunto, darmos passos firmes para uma melhor mobilidade no nosso concelho: uma mobilidade mais leve e mais amiga do ambiente. Por um lado, através de um projeto promovido pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo – Meio B -, somos uma das vilas promotoras e aderentes de um sistema de bicicletas elétricas partilhadas, que conta com 68 estações de carregamento e mais de 250 bicicletas. Só no nosso concelho, serão 6 postos de carregamento, permitindo que esta opção esteja acessível aos nossos cidadãos de forma simples e prática, pelo custo de 18€ / ano. Por outro lado, e através de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência, recebemos duas carrinhas elétricas para apoiar os serviços locais de saúde no apoio prestado aos seus utentes.
Estes são apenas dois pequenos exemplos, de um movimento que se quer mais amplo e que abranja todas as geografias do nosso país. É necessário, para tal, uma grande parceria entre os municípios e o Estado central, para, em conjunto, levarem aos cidadãos as condições necessárias para usufruir destas comodidades.
Contudo, para além deste investimento na infraestrutura, não podemos nos esquecer do investimento na educação. Todos conhecemos o sucesso do processo de reciclagem. Um grande movimento nacional, centrado nas gerações mais novas, conseguiu sensibilizar e tornar quotidiano o ato de reciclar os lixos, melhorando assim muitos dos nossos hábitos. Estou certo de que, também na questão da mobilidade, é necessário um movimento similar. Seja nas escolas, nos centros de apoio aos estudos ou em atividades desportivas e de educação cívica, todos temos de passar a mensagem de mudança de hábitos.
Sei que os autarcas deste país, incluindo os do interior, estão prontos para apostar na mobilidade sustentável e verde – seja ela a pesada (como em transportes públicos), a leve ou a micro (como bicicletas e trotinetes) -, em prol do futuro dos seus territórios.
Os primeiros passos estão a ser dados. Saibamos não perder o ímpeto.