O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu esta segunda-feira que “nada justifica” uma incursão militar israelita no sul da Faixa de Gaza, considerando que “as atrocidades” cometidas pelo Hamas em Israel têm de deixar de ser justificação.
“Nada justifica, 7 de outubro já lá vai há muito tempo. Seguramente que os massacres, as atrocidades cometidas pelo Hamas não justificam de modo nenhum a incursão por terra”, disse João Gomes Cravinho, à saída de uma reunião ministerial em Bruxelas, a última enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros.
O governante considerou que a pretensão israelita é “completamente contrária” aos valores preconizados pela União Europeia e também pelos Estados Unidos, aproveitando a participação na reunião, por videoconferência, do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Blinken apelou, de acordo com o ministro português, à participação dos países da União Europeia no esforço conjunto de levar alimentos e produtos essenciais para a população palestiniana, que está a ser fustigada por bombardeamentos e incursões terrestres desde o início de outubro de 2023.
João Gomes Cravinho alertou que esse esforço tem de ser acompanhado de um cessar-fogo e da abertura de negociações reais para a criação de um Estado palestiniano.
“Infelizmente, nós não temos unanimidade na União Europeia na forma como olhamos para a situação em Gaza e, mais amplamente, no Médio Oriente, em relação à Palestina”, admitiu, reconhecendo, no entanto, que há “uma fortíssima maioria que partilha a posição de Portugal e o alto representante Josep Borrell”.