O ministro da Economia vai visitar o Qatar para “reforçar as relações bilaterais, em particular as económicas”, e “atrair investimento” para áreas como indústria, energia, serviços e mobilidade, segundo uma nota oficial divulgada este domingo, 25 de agosto.
De acordo com a informação do Ministério da Economia, a visita de Pedro Reis ao Qatar – que decorre de terça-feira, dia 27, a sexta-feira, dia 30 – enquadra-se num “périplo de diplomacia económica”, com vista a “captar investimento externo” e obter “apoio à internacionalização das empresas portuguesas em várias áreas”.
Acompanhado pelo embaixador de Portugal em Doha, Paulo Neves Pocinho, e pelo representante local da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Manuel Couto Miranda, o responsável pela pasta da Economia irá encontrar-se com cinco ministros do Qatar (Finanças, Energia, Transportes, Comércio e Indústria e Comunicações e Tecnologias da informação) e tem previstas reuniões com os responsáveis pelos dois fundos soberanos do emirado (Qatar Investment Authority e Qatari Diar Real Estate Investment Company).
“As relações comerciais entre Portugal e o Qatar têm um grande potencial de crescimento”, considera o Governo português, na nota enviada.
No primeiro semestre de 2024, Portugal era o 73.º cliente do Qatar, importando sobretudo produtos químicos, na sua maioria plásticos, e o 76.º fornecedor, exportando sobretudo máquinas, veículos, calçado, produtos agroalimentares e químicos, cerâmica e vidro.
“O número de empresas exportadoras portuguesas para o Qatar tem seguido uma tendência crescente”, refere o Governo, contabilizando que em 2022 havia 390 empresas a exportarem para o país do Golfo Pérsico.
Os investimentos mais relevantes do Qatar em Portugal são participações na EDP e na VINCI Energies Portugal (ambas do fundo soberano do Qatar) e a estância “W Algarve”, que, segundo a nota do Governo, representa um investimento de 300 milhões de euros e prevê a criação de 300 postos de trabalho diretos e 200 indiretos.
O Qatar, que foi um protetorado britânico até 1971, é um dos países mais ricos do mundo, devido às receitas do petróleo e do gás natural.
Classificado em 40.º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (divulgado em março deste ano), o Qatar ainda é considerado um país “não livre” por organizações de defesa dos direitos humanos como a Freedom House.
Em 2023, “as autoridades continuaram a restringir o direito à liberdade de expressão e a silenciar vozes críticas”, constatou a Amnistia Internacional.
“Os trabalhadores migrantes continuaram a enfrentar uma série de abusos, incluindo extorsão de salários, trabalho forçado e exploração, e não tinham o acesso adequado a mecanismos de reclamação e reparação”, assinalou a organização, notando ainda que “as mulheres continuaram a enfrentar discriminação na lei e na prática” e que continuam a existir “leis discriminatórias” contra as minorias sexuais e identitárias (LGBTQIA+).