O ministro da Saúde reafirmou, na manhã desta terça-feira, estar “muito empenhado” em que se possa chegar a um entendimento com os médicos, mas avisou os sindicatos de que para haver um acordo é “preciso haver uma aproximação de ambas as partes”. “Não pode ser apenas o governo a movimentar-se”, disse Manuel Pizarro.

Em declarações aos jornalistas em Olhão, no Algarve, onde inaugurou uma unidade de saúde familiar, o responsável pela pasta da Saúde defendeu a proposta apresentada aos sindicatos e sublinhou que a negociação tem de correr com abertura de parte a parte.

“A proposta que apresentámos aos médicos é muito positiva e assenta num tripé: ela é boa para os portugueses porque melhora o acesso aos cuidados de saúde; é boa para a capacidade de organizar o Serviço Nacional de Saúde; e valoriza as carreiras profissionais dos médicos”, sustentou Manuel Pizarro, garantindo que a proposta feita na semana passada, que prevê um suplemento de 500 euros mensais e um horário de 35 horas semanais aos médicos que fazem urgência, vai ser “evidentemente” apresentada por escrito.

Em resposta às críticas dos sindicatos, o ministro lembrou que foi apresentado um documento que, embora não tenha ainda todos os detalhes técnicos das propostas, pode “perfeitamente” servir de base ao diálogo entre governo e sindicatos.

Questionado sobre se a greve de dois dias, que arrancou esta terça-feira, pode trilhar o processo negocial, Manuel Pizarro respondeu: “A mim não me agrada a ideia de haver greve quando se está a negociar, mas respeito, naturalmente, o direito de as pessoas pensarem de outra forma.”

A greve nacional dos médicos, convocada pela Federação Nacional dos Médicos, é a quinta paralisação nacional do ano e acontece numa altura em que governo e sindicatos (FNAM e Sindicato Independente dos Médicos) retomaram as negociações para, entre outros aspetos, procurarem soluções para a crise nas urgências, que se agravou com a indisponibilidade de os clínicos trabalharem além das 150 horas suplementares previstas na lei. Sindicatos e governo voltam a reunir-se na próxima quinta-feira.