Não há dúvidas: Rui Costa, presidente do Benfica, quer dotar o plantel às ordens de Roger Schmidt de opções para que o alemão leve o clube encarnado ao bicampeonato e, em consequência, ao lugar que dá acesso automático à fase de grupos da Liga dos Campeões e que levará a UEFA a passar um cheque de 100 milhões de euros.
O Benfica foi o grande campeão do mercado de inverno. Gastou 27 milhões de euros em dois jogadores – o avançado brasileiro Marcos Leonardo e o promissor extremo argentino Gianluca Prestianni – e sabe de antemão que vai ter de largar mais 9 milhões em junho devido à opção de compra obrigatória pelo também extremo, e também argentino, Benjamin Rollheiser. Falta o lateral-esquerdo Álvaro Carreras, cuja opção de compra é de 6 milhões de euros. Ou seja, grosso modo, no limite, o Benfica pode gastar 42 milhões de euros em futebolistas que aterraram em Lisboa neste mês de janeiro – um investimento inédito para as bandas da Luz. É verdade que o Benfica fez 26 milhões em vendas também neste início de ano (Musa, Lucas Veríssimo, João Victor e Chiquinho), mas as intenções da SAD encarnada são apostar forte e dar boas dores de cabeça a Roger Schmidt, que terá poucas hipóteses de justificar um insucesso.
O FC Porto, a passar por uma assumida crise financeira, só conseguiu colmatar a lacuna no centro da defesa com Otávio. O jovem de 21 anos custou, há um ano, meio milhão de euros ao Famalicão, que agora o transacionou por 12 milhões de euros relativos a 80% do passe. A SAD do Famalicão é um exemplo de boa gestão com as boas vendas que tem feito nos últimos anos, de que são exemplo Pedro Gonçalves (13,5), Ugarte (12), Iván Jaime (10), às quais se junta agora a do central. O FC Porto tentou várias possibilidades depois de ter considerado Otávio muito caro, mas teve de voltar à casa de partida.
Em Alvalade, como o próprio Rúben Amorim assumiu, a aposta é feita a pensar no futuro. Os leões gastaram 4,7 milhões de euros em dois jogadores que terão muitas dificuldades em entrar na equipa no curto prazo. Rafael Pontelo parece estar na linha de montagem para suceder a Gonçalo Inácio quando este for vendido e Koba Koindredi é um médio que precisa, claramente, de polimento.
França, a surpresa
Se, em Portugal, o Benfica surpreendeu pelos valores inéditos aplicados no reforço do plantel e o FC Porto pelo que deu por um só jogador, lá por fora, a surpresa chama-se Inglaterra. Vendo por outro lado, também pode ser a França, cuja principal liga foi a que mais investiu neste mês de janeiro. Ao todo, faltaram trocos para os redondos 200 milhões de euros, com a nuance de o Paris Saint-Germain não ter sido o mais gastador, mas sim o Lyon (56), na tentativa de fugir aos lugares de despromoção.
Medo em Inglaterra
Na Premier League, todos os clubes nesta janela gastaram… um Enzo Pérez da época transata que, como se sabe, trocou o Benfica pelo Chelsea, com os londrinos a pagarem 120 milhões. As regras apertadas que impõem um limite aos prejuízos e que já custaram dez pontos ao Everton podem estar no cerne da questão. Resta saber se esta é uma tendência a manter. Para que conste, há um ano, a Premier League mostrou ter bolsos sem fundo: 842 milhões de euros.
Sauditas a guardarem-se?
A grande incógnita, para não dizer surpresa, tem a ver com a Arábia Saudita. No defeso passado, os clubes daquele país gastaram, só em transferências, praticamente mil milhões de euros, ao passo que neste mês de janeiro investiram 23 milhões. E este montante foi aplicado apenas num futebolista, o lateral-esquerdo brasileiro do Marselha, Renan Lodi, que já se encontra às ordens de Jorge Jesus no Al Hilal.
A pergunta que se impõe é esta: voltará a Arábia Saudita a gastar mundos e fundos no próximo verão e este foi apenas um intervalo na vontade de transformar aquele campeonato no mais apetecível a nível mundial?