A comissária europeia indigitada por Portugal para os Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, realçou nas suas respostas aos eurodeputados a sua “profunda experiência” no setor público e o seu cargo “desafiante” de ministra das Finanças na crise financeira.

“Combino uma profunda experiência do setor público com um conhecimento profundo do funcionamento dos mercados financeiros e dos impactos das regras nacionais e da União Europeia no terreno, que reforcei através do meu trabalho na Arrow Global, um prestador de serviços de gestão de crédito, e no Morgan Stanley, um banco mundial”, refere Maria Luís Albuquerque, nas respostas escritas enviadas aos eurodeputados das comissões parlamentares dos Assuntos Económicos e Monetários, do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos.

A cerca de duas semanas de ser ouvida por estes parlamentares numa audição em Bruxelas, a nomeada para a pasta dos Serviços Financeiros e da União da Poupança e do Investimento vinca no documento, agora tornado público, que a sua formação em economia e a sua passagem por entidades públicas “foram essenciais” para os “desafiantes cargos” de secretária de Estado do Tesouro e depois de ministra das Finanças, “numa altura em que Portugal enfrentava uma crise económica e monetária grave”.

“Sou economista de formação. Ao longo da minha vida profissional, tanto no setor público como no privado, trabalhei em questões financeiras sob múltiplas perspetivas”, frisa, sublinhando que, caso seja eleita, utilizará “todas estas aptidões e competências para desenvolver uma União Europeia da Poupança e do Investimento que inclua os mercados bancários e de capitais, a estabilidade financeira e a competitividade, com o objetivo de criar melhores oportunidades para os cidadãos melhorarem a sua situação financeira, desbloquear o investimento privado e concretizar as transições ecológica, digital e social”.

“Vinda de um país da periferia da União, tenho plena consciência de que a situação e as necessidades dos cidadãos e das empresas em matéria de poupança e investimento são muito diferentes nos vários Estados-membros”, adianta Maria Luís Albuquerque na missiva consultada pela Lusa.

As respostas surgem após questões escritas dos eurodeputados que vão promover a audição parlamentar a Maria Luís Albuquerque em 06 de novembro.

Antes, no início deste mês, a comissão parlamentar dos Assuntos Jurídicos pediu mais informações em conformidade com o código de conduta dos membros do futuro colégio de comissários.

Em resposta, Maria Luís Albuquerque clarificou o seu trabalho na gestora de fundos Horizon e a propriedade de uma empresa com o marido na sua declaração de interesses, na qual garantiu não ter “interesses financeiros” que possam ser declarados ou dar origem a um conflito de interesses e que nem ela nem a sua família direta possuem “quaisquer obrigações, ações ou outros ativos ou passivos”, além de uma casa para residência ou de edifícios herdados.

Cabe à assembleia europeia decidir se aprova ou não o nome de Maria Luís Albuquerque e do restante colégio de comissários proposto e liderado por Ursula von der Leyen, que irá cumprir um novo mandato de cinco anos à frente da Comissão Europeia.

Na carta de missão, a líder do executivo comunitário pediu à comissária portuguesa indigitada que use a sua experiência para “desbloquear montante substancial de investimento” para União Europeia.

Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.