Marcelo Rebelo de Sousa espera que a situação dos incêndios melhore até ao fim de semana, pelo efeito do combate de populações e operacionais e da evolução favorável das condições meteorológicas, mas desaconselhou facilitismo.

“Não podemos ter a tentação da facilidade”, defendeu Marcelo, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, no fim de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros sobre a situação dos incêndios, a que presidiu.

Sobre o que poderá acontecer nos próximos dias, o chefe de Estado declarou: “Não podemos garantir que o dia de hoje não tenha ainda a projeção daquilo que foi vivido nos últimos dias. Mas esperamos que amanhã [quarta-feira] e depois de amanhã [quinta-feira] e nos dias subsequentes seja já muito mais claro o efeito do combate corajoso das populações, de todos os operacionais da Proteção Civil, das Forças Armadas, da Guarda Nacional Republicana (GNR), dos meios aéreos, dos meios aéreos já em operação e os que vão operar a partir da manhã”.

“Tudo isso permite esperar, para além da eventual evolução favorável das condições meteorológicas, que no fim da semana estejamos muito longe daquilo que foi vivido no início dessa mesma semana”, considerou.

Segundo o Marcelo, os portugueses têm manifestado uma “serenidade que deve ser agradecida e realçada, sobretudo nas zonas atingidas” perante os incêndios dos últimos dias. No seu entender, “nesse sentido, foi bom que quer o senhor primeiro-ministro quer o Presidente da República não tivessem tido uma mensagem facilitista dizendo que a realidade mudava de um momento para o outro”.

“A pergunta seguinte é: e esta noite? E o dia de amanhã? E os próximos dias? Pois também aí não podemos ter a tentação da facilidade”, acrescentou.

Desde domingo, já morreram sete pessoas e cerca de 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem as regiões norte e centro do país, em concelhos como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13.

As mais recentes vítimas são três bombeiros que morreram hoje num acidente quando se deslocavam para um incêndio em Tábua, distrito de Coimbra.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que indica que nas regiões norte e centro, desde o fim de semana, já arderam 47.376 hectares.