Marcelo Rebelo de Sousa condecorou António Spínola a 5 de julho com o Grande Colar da Liberdade, escreve o Público (acesso pago), mas não fez qualquer nota pública da condecoração, como habitualmente faz. Além do primeiro chefe de Estado depois do 25 de Abril, Marcelo condecorou também Francisco Costa Gomes, que lhe sucedeu, Rosa Coutinho e os restantes membros da Junta de Salvação Nacional.
De acordo com o diário, Vasco Lourenço, presidente da associação do 25 de Abril, tinha proposto a Marcelo condecorar apenas António Spínola, Francisco Costa Gomes e Rosa Coutinho, mas o chefe de Estado decidiu alargar a condecoração aos restantes membros da Junta de Salvação Nacional, criada depois do 25 de Abril.
O Público nota que, sem a nota pública que Marcelo habitualmente faz, a condecoração de Spínola é praticamente impossível de encontrar, uma vez que é preciso percorrer a página das Ordens Honoríficas Portuguesas para conseguir obter a informação sobre as distinções atribuídas pelo Presidente da República, naquilo que pode ser visto como uma tentativa de evitar uma polémica pública.
Recorde-se que Marcelo revelou, em 2022, a intenção de condecorar António Spínola e restantes membros da Junta de Salvação Nacional. Na altura, várias personalidades enviaram uma carta aberta ao Presidente da República, considerando a condecoração uma “afronta” e lembrando que Spínola tinha criado o Movimento Democrático pela Libertação de Portugal, movimento terrorista de extrema-direita de que fizeram parte Diogo Pacheco Amorim, atualmente vice-presidente da Assembleia da República.
Entre os subscritores contavam-se Fernando Rosas e Francisco Louçã, fundadores do Bloco de Esquerda; Carlos Brito, ex-líder parlamentar do PCP; o jurista Domigos Lopes; o historiador Manuel Loff; Maria do Rosário Gama, entre outros.