Manuel Monteiro defende que o PSD deve concertar com o CDS o nome do candidato a apoiar nas eleições presidenciais de 20265, estranhando que “um militar fardado”, no ativo, fale publicamente de política.
“Quando Sá Carneiro era líder do PSD e líder da AD, a candidatura presidencial foi concertada com o CDS. Sá Carneiro não avançou com um candidato à Presidência da República sem falar com o seu parceiro, a candidatura de Soares Carneiro [em 1980] foi dos dois, não foi a candidatura de um”, afirmou.
Na Escola de Quadros do CDS, Manuel Monteiro disse que não se sente “minimamente obrigado a votar num qualquer candidato do PSD só porque é um candidato do PSD”.
“O PSD até pode entender ter um brilhante comentador como candidato a Presidente da República, não terá o meu voto de certeza absoluta. Se o CDS tiver um candidato presidencial, será o meu dever apoiar esse candidato, mas se o CDS não tiver um candidato presidencial, eu sou livre de votar num candidato que gostaria da área do PSD, mas sou livre de votar nesse eventual candidato, que até nem me importaria que fosse, em nome da minha liberdade individual”, defendeu.
Manuel Monteiro disse que não saber “se o CDS terá um candidato” e recusou enumerar as características que gostava de ver no próximo chefe de Estado, justificando que, se dissesse, ia ser possível identificar a quem se referia.
O antigo líder centrista e presidente do Instituto Amaro da Costa criticou duramente Gouveia e Melo, afirmando ter estranhado que um militar no ativo dê entrevistas e fale de política, num comentário à entrevista que o almirante na quarta-feira à RTP.
Sem nunca referir o nome de Gouveia e Melo, Manuel Monteiro começou por afirmar que “não há nenhum impedimento normal que inviabilize a possibilidade de alguém que teve uma carreira militar poder ser candidato a Presidente da República”, o que “seria inadmissível”.
Contudo, considerou uma coisa “estranha, um sinal dos tempos curioso, haver alguém que ainda desempenha funções militares de relevo, fardado, dar entrevistas públicas a falar de política”.
“Admito que quem o faz esteja a querer provocar politicamente um incidente com o Presidente da República para o demitir, para se vitimizar. Admito isso, mas, se assim é, é feio. Não está em causa a liberdade individual de cada um ser candidato em democracia ao que entende, é para mim estranho que alguém que desempenha chefias militares no ativo faça intervenções políticas e partidárias como não me lembro desde o tempo do PREC. Isto é política e não acontece por acaso”, sustentou.
Gouveia e Melo deixou no ar a possibilidade de concorrer às próximas eleições presidenciais, ao recusar-se expressamente a “dizer não” a essa possibilidade, em entrevista concedida ao programa da RTP 3, “Grande Entrevista”, na quarta-feira.
O Chefe de Estado-Maior da Armada explicou que, a um militar em funções, apenas lhe restam duas hipóteses quando confrontado com questões dessa natureza: “Ou não responde ou tem que dizer ‘’não’”, disse Gouveia e Melo, para depois acabar por afirmar: “Não quero dizer que não”.
Na Escola de Quadros, o antigo presidente do CDS criticou também a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, depois de ter dado respaldo à utilização da expressão “pessoas que menstruam” numa campanha da Direção-Geral da Saúde, recusando “transformar o que é natural numa questão cultural”.
“Tenho imenso respeito pelas identidades individuais de cada um, pelas orientações sexuais de cada um, mas não aceito que se diga que uma mulher é um homem e um homem é uma mulher, logo as pessoas não menstruam, porque não é natural. Mesmo que seja dito por uma ministra de um partido onde está o meu próprio partido”, afirmou.
“Não votei na AD para ter membros do Governo que têm intervenções como se fossem a Mortágua”, defendeu.