Emmanuel Macron afirmou hoje em Paris, perante o secretário-geral da NATO, que a Europa “está determinada a gastar mais” em defesa, garantindo como “prioridade absoluta” o apoio à Ucrânia.
A Europa “evitou suportar o fardo da sua própria segurança durante demasiado tempo”, l o chefe de Estado francês aos jornalistas no Palácio do Eliseu, considerando que os europeus estão “determinados a gastar mais” na sua própria defesa devido aos conflitos internacionais.
Segundo Macron, o destacamento de soldados norte-coreanos para combater pela Rússia constitui uma “grave escalada” no conflito na Ucrânia, sublinhando que o apoio ao país “continua a ser uma prioridade absoluta”, numa altura em que a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos trouxe incerteza sobre o futuro do apoio norte-americano a Kiev.
A Coreia do Norte, com quem a Rússia tem um acordo histórico de defesa, tem cerca de 11 mil soldados norte-coreanos destacados para combater na região russa de Kursk, ocupada pelas forças ucranianas desde a ofensiva lançada em agosto, segundo Kiev. Contudo, até ao momento, o Kremlin tem evitado questões sobre este reforço.
Para Emmanuel Macron, a colaboração existente entre a Rússia, a Coreia do Norte, a China e o Irão, com a partilha de conhecimentos especializados em tecnologia de mísseis e o apoio financeiro, ameaça a paz e a segurança da Europa e do resto do mundo.
“A NATO encontra-se num momento importante. Precisamos de uma Ucrânia forte, de uma Europa forte e de uma aliança forte”, afirmou Macron, defendendo que uma “Europa forte a longo prazo exige uma base industrial europeia mais forte” com garantias de mais empregos e benefícios para a sociedade, “num esforço sustentável”.
O Presidente francês, que defende “uma aliança forte capaz de dissuadir” os inimigos da NATO, sublinhou a importância da construção de um “pilar europeu” de segurança transatlântica, algo que “a administração americana espera, e com razão, dos europeus no seio da Aliança”.
“Esta agenda de autonomia estratégica europeia torna possível ter mais dinheiro e construir capacidades, autonomia europeia e a capacidade de cooperar dentro da aliança com os nossos aliados não europeus”, acrescentou Macron.
Ao lado de Macron, Mark Rutte apelou ao Ocidente para “fazer mais do que apenas permitir que a Ucrânia lute” contra a Rússia, numa altura em que Kiev “está provavelmente prestes a viver o seu pior inverno desde 2022”, ano da invasão russa.
“Temos de manter a força da nossa aliança transatlântica. O desafio imediato que enfrentamos é apoiar a Ucrânia”, afirmou o secretário-geral da NATO, referindo a necessidade de “uma cooperação transatlântica mais sólida e de mais investimento na defesa” que permitirá uma maior redução de risco de futuros conflitos.
Relativamente a possíveis negociações de paz na Ucrânia, Macron afirmou que “quando chegar a altura, nada deve ser decidido sem os ucranianos e sobre a Europa sem os europeus”, contrariando as declarações de Donald Trump, que tomará posse em janeiro, e que durante a campanha eleitoral prometeu cabar o conflito “em 24 horas”.
Este encontro é o primeiro entre Emmanuel Macron e Mark Rutte desde que o anterior primeiro-ministro dos Países Baixos assumiu o cargo de secretário-geral da NATO, a 1 de outubro, após a saída de Jens Stoltenberg.
Mark Rutte deverá encontrar-se também, em Paris, com representantes franceses da indústria de defesa, segundo a presidência francesa.