A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, convocou para quarta-feira uma nova mobilização contra a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de declarar Nicolás Maduro o vencedor das eleições.

“Vemo-nos nas ruas, um mês depois da nossa gloriosa vitória a 28 de julho, quando votámos, ganhámos e recolhemos as suas atas, que demonstram a esmagadora vitória de Edmundo González Urrutia”, declarou Machado.

A oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Urrutia, obteve quase 70% dos votos e publicou 83,5% das atas, que afirma ter obtido através de testemunhas e membros das mesas de voto – para reforçar a sua reivindicação.

Machado sublinhou que o governo “não se atreveu a apresentar nem um pedaço de papel e correu a esconder atrás do seu TSJ, submetido à tirania e que não tem moral para esconder o CNE, o fraudulento”.

O CNE não divulgou os dados desagregados das presidenciais, justificando a decisão com um alegado ataque cibernético contra o sistema eletrónico de votação, que Maduro mais tarde atribuiu ao empresário Elon Musk, proprietário da rede social X.

“Não há maior confissão de derrota”, disse a líder da oposição, num vídeo publicado na rede social X.

A declaração de vitória de Maduro originou protestos e operações policiais após as eleições que fizeram 27 mortos e mais de 2.400 detidos, de acordo com fontes estatais.

O Ministério Público abriu a 6 de agosto um inquérito contra Urrutia e Machado, por “usurpação de funções, difusão de informações falsas, incitamento à desobediência à lei, incitamento à insurreição e associação criminosa”. Os dois dirigentes da oposição vivem na semi-clandestinidade desde o início do mês.

Urrutia não compareceu na segunda-feira para ser ouvido numa investigação criminal no Ministério Público venezuelano, que já emitiu nova convocatória.

O Ministério Público refere ainda que os factos estão “relacionados com a publicação e manutenção do sítio Internet resultadosconvzla.com, a alegada prática dos crimes de usurpação de funções, falsificação de documento público, instigação à desobediência à lei, crimes informáticos, associação para a prática de crime e conspiração”.

Entretanto, num vídeo divulgado nas redes sociais, Urrutia acusou o procurador-geral, Tarek William Saab, de ser um “acusador político” e insistiu que as atas das eleições devem ser divulgadas publicamente.